Após reunião na bancada federal em Brasília, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enersul/Energisa, Paulo Corrêa (PR), disse nesta quinta-feira (23), durante sessão na Assembleia Legislativa, em Campo Grande, que o suposto desvio investigado pela comissão é de R$ 185 milhões. Os primeiros indícios eram de valores que variavam entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão.

“Com os documentos e dados oficiais que temos em mãos, agora vamos começar o trabalho da CPI. Se o desvio dos R$ 185 milhões foram comprovados, nossa intenção é que o valor seja devolvido na conta de cada um dos 949 mil contribuintes em Mato Grosso do Sul, assim como ocorreu na CPI anterior”, afirmou ao G1 o deputado.

Dos nove documentos solicitados, oito foram entregues aos parlamentares. O último seria um contrato da Enersul com uma empresa terceirizada, na qual eles pretendem receber na próxima semana. Ao todo, o relatório final digitalizado possui 150 folhas.

Sobre a especulação de que 35 nomes seriam citados, inclusive o de políticos, o deputado Beto Pereira (PDT) ressaltou que são os beneficiados são pessoas físicas e jurídicas. Elas teriam recebido dinheiro sem a autorização do conselho deliberativo das empresas.

“Dos nomes lidos, a grosso modo, não constam políticos e sim empresários e pessoas ligadas ao setor elétrico. O senhor Romeu Rufino (diretor Aneel) não admite que a Enersul teve uma gestão temerária, com prejuízos causados por esta má gestão. Mas tem ciência que demorou muito tempo para haver uma intervenção”, disse o deputado Beto Pereira (PDT).

Entenda o caso

Os deputados Corrêa, Pereira e Pedro Kemp (PT) foram até Brasília para pedir a cópia do relatório conclusivo da intervenção realizada na Enersul entre agosto de 2012 e abril de 2014 e o contrato de compra pela Energisa.

Também foi solicitada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a cópia integral da auditoria da PricewaterhouseCoopers (PwC). Em relação à ex-concessionária, foi pedido a relação de diretores e superintendentes que supostamente receberam gratificações no período investigado, uma espécie de “mensalão”, e os relatórios de investimentos no estado.

As fraudes seriam em contratos, superfaturamento, saques indevidos na conta da concessionária e a falta de registro contábil de aproximadamente R$ 200 milhões em relação ao Programa de Universalização de Energia Elétrica.

Os requerimentos serão encaminhados para a Agepan, Receita Federal, Ministério Público Federal, Comissão de Valores Mobiliários, Aneel, juntas comerciais de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Polícia Federal, Enersul, Assembleia de Tocantins, Justiça de MS, Banco Central, PwC, Bic Banco e Banco Daycoval.