O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu um patamar recorde de 39,8 milhões

No trimestre encerrado em maio de 2025, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,2%, o que indica queda em relação ao trimestre anterior dezembro de 2024 a fevereiro de 2025 (6,8%) e queda de 1,0 ponto percentual (p.p.) frente ao mesmo trimestre do ano anterior (7,1%).
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu um patamar recorde (39,8 milhões), registrando estabilidade (0,5%) em relação ao trimestre anterior e crescendo 3,7% ante igual trimestre do ano passado. Outro destaque foi a quantidade de desalentados, com fortes quedas, de 10,6% comparada ao trimestre encerrado em abril, e de 13,1% ante o mesmo período de 2024.
Os dados constam na PNAD Contínua divulgada nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística)
6,8 milhões de pessoas desocupadas
A taxa composta de subutilização da força de trabalho — que inclui desocupados, subocupados por insuficiência de horas e a força de trabalho potencial — ficou em 14,9%. Os números representam uma queda de 0,8 p.p na comparação trimestral (15,7%). Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o indicador recuou 1,9 pontos percentuais.
Entre março a maio de 2025, o país somava cerca de 6,8 milhões de pessoas desocupadas. No comparativo com o trimestre móvel anterior (dezembro de 2024 a fevereiro de 2025), no qual 7,5 milhões de pessoas não tinham ocupação, o indicador caiu 8,6%, equivalente a menos 644 mil pessoas.
Em contrapartida, se comparado ao trimestre do ano anterior, quando existiam 7,8 milhões de pessoas desocupadas, houve recuo de 12,3%. Ou seja, uma redução de 955 mil pessoas desocupadas na força de trabalho.
William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, destaca que os principais responsáveis para a redução expressiva da taxa de desocupação foram o aumento do contingente de ocupados, que cresceu 1,2 milhão de pessoas
“Isso naturalmente reduz a desocupação, além de taxas de subutilização mais baixas. Assim, semelhante às divulgações anteriores, o mercado de trabalho se mostra aquecido, levando à redução da mão-de-obra mais qualificada disponível e ao aumento de vagas formais”, explica.
103,9 milhões de pessoas ocupadas em maio
A quantidade de pessoas ocupadas no trimestre encerrado em maio deste ano era de aproximadamente 103,9 milhões, avanço de 1,2% em relação ao trimestre anterior. Na comparação anual, quando havia no Brasil 101,3 milhões de pessoas ocupadas, ocorreu alta de 2,5% (mais 2,5 milhões de pessoas).
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar), por sua vez, atingiu 58,5%. Uma expansão de 0,6 p.p. ante o trimestre de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025 (58,0%). Confrontado ao mesmo trimestre do ano anterior (57,6%), esse indicador teve variação positiva de 1,0 p.p.
Informalidade cai para 37,8%
A taxa de informalidade caiu para 37,8% da população ocupada, o equivalente a 39,3 milhões de pessoas. O índice recuou perante o trimestre anterior (38,1%) e o mesmo trimestre de 2024 (38,6%).
Conforme a pesquisa, essa queda na informalidade é consequência da estabilidade do contingente de trabalhadores sem carteira assinada (13,7 milhões). Além disso, houve uma alta de 3,7% no número de trabalhadores por conta própria com CNPJ (mais 249 mil) na comparação trimestral e aumento de 8,4% no confronto anual.
Além disso, o contingente de ocupados com carteira assinada no setor privado bateu recorde: 39,8 milhões. Resultado estável frente ao trimestre móvel anterior e crescimento de 3,7% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Segundo William, o contingente de desalentados no trimestre encerrado em maio também foi o menor desde 2016, com 2,89 milhões.
“Essa queda pode ser explicada pela melhoria consistente das condições do mercado de trabalho. O aumento da ocupação gera mais oportunidades, percebidas pelas pessoas que estavam desmotivadas”, explica.
Setores
Em todo o país, de dez grupamentos de atividade investigados pela PNAD Contínua, apenas Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais registrou crescimento na ocupação frente ao trimestre móvel anterior (dezembro de 2024 a fevereiro de 2025). Os demais não apresentaram variação significativa.
Conforme o analista da pesquisa lembra que esse grupamento possui uma característica peculiar neste trimestre devido ao início do ano letivo. “Consequentemente, é preciso uma estrutura de suporte, com a contratação de professores, ajudantes, cuidadores, cozinheiros e recepcionistas”.
No trimestre de março a maio de 2024, cinco grupamentos de atividade econômica registraram aumento no contingente de trabalhadores:
Indústria geral: crescimento de 3,9%, com mais 501 mil pessoas empregadas;
Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: alta de 3,4%, com acréscimo de 655 mil pessoas;
Transporte, armazenagem e correio: aumento de 7,0%, com 395 mil trabalhadores a mais;
Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: avanço de 3,7%, com mais 475 mil pessoas;
Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: elevação de 3,4%, com 625 mil novos trabalhadores.
Por outro lado, o grupamento de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura registrou queda de 3,9%, com redução de 307 mil pessoas ocupadas.
Massa de rendimento bate recorde
O rendimento médio real habitual ficou em R$ 3.457 no trimestre, valor estável perante o trimestre anterior, mas 3,1% superior ao registrado no mesmo período de 2024.
Já a massa de rendimento real habitual — soma dos rendimentos de todos os ocupados — chegou a R$ 354,6 bilhões, o maior valor da série histórica com alta de 1,8%. Conforme o IBGE, o montante teve um acréscimo de R$ 6,2 bilhões no trimestre e cresceu 5,9% (mais R$ 19,4 bilhões) em um ano.
“Como o rendimento médio real permaneceu estável, consequentemente ocorreu aumento da massa de rendimentos, ou seja, a maior massa de rendimentos resultou quase exclusivamente da expansão do volume de ocupados, e não de aumento do rendimento médio”, conclui William Kratochwill.
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