Prêmio que ficou conhecido como "gratificação faroeste" foi abolido em 1998

Deputados do Rio aprovam volta de prêmio para policiais que matarem em confronto
Prêmio que ficou conhecido como "gratificação faroeste" foi abolido em 1998

Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta terça-feira, 23, o pagamento de um prêmio para policiais que “neutralizarem” criminosos.

Na prática, ela representa a volta de um pagamento que ficou conhecido como “gratificação faroeste”. Ele foi abolido em 1998, após estudo feito por especialistas apontar o aumento de execuções sumárias.

A bonificação consta em uma emenda que foi incorporada ao Projeto de Lei do Executivo que prevê a reestruturação do quadro permanente da Secretaria de Estado de Polícia Civil. O texto segue para o governador Cláudio Castro, que tem até 15 dias para sancionar ou vetar a medida. O valor poderá variar entre 10% e 150% dos vencimentos do policial premiado, respeitado o teto constitucional.

Segundo a proposta, apresentada pelos deputados Alan Lopes (PL), Marcelo Dino (União) e Alexandre Knoploch (PL), o pagamento será destinado para os casos de:

apreensão de armas de grande calibre ou de uso restrito em operações policiais;
situações que envolvam a neutralização de criminosos.
Gratificação faroeste e histórico do Rio
A “gratificação faroeste” foi instituída em 1995 pelo então governador Marcello Alencar. O decreto previa que policiais civis e militares bem avaliados recebessem prêmios no valor de 50% a 150% do próprio salário. Quando foi lançada, a média de mortos em confronto era de dois a cada ferido. Pouco tempo depois, a mortalidade dobrou: a proporção passou para quatro mortos por cada ferido.

Em 1998, uma lei estadual criada pelo deputado estadual Carlos Minc (PSB) interrompeu a gratificação, mas quem já recebia o prêmio manteve o benefício até 2000, quando ele foi extinto pelo então governador Anthony Garotinho.

Segundo o parlamentar, o estudo feito por equipe da Uerj, UFRJ, peritos criminais e advogados criminalistas à época analisou 1 200 laudos cadavéricos de pessoas mortas em confronto com a polícia. Desses, dois terços (64%) foram execuções: tiros na nuca, na orelha, nas costas.

Nas redes sociais, Minc comentou que a aprovação representa um retrocesso para o Estado e o País. “No Brasil não tem pena de morte, quem tem que determinar a sentença é a Justiça. O bom policial tem que investigar e prender.”

Na gestão de Garotinho, outros dois tipos de gratificação foram criados para policiais civis lotados em delegacias legais e policiais civis e militares que conseguissem reduzir índices de criminalidade.

Esta foi extinta pela sucessora de Garotinho, Benedita da Silva (PT), que era vice dele e governou o Rio de abril a dezembro de 2002. À época, ela alegou falta de verba.

A bonificação aos funcionários de delegacias legais foi mantida por Rosinha Garotinho, governadora do Rio de 2003 a 2006, e por Sérgio Cabral.

Cabral criou outros prêmios a policiais, como bonificação por desempenho, pago a cada semestre; gratificações para PMs que atuam em Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs); para policiais que se qualificassem; e para membros do Batalhão de Choque, do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais).