Eleandro Passaia, pivô da Operação Uragano, que abalou Mato Grosso do Sul, é acusado pela defesa dos assassinos do ex-jogador Daniel Corrêa de usar informações falsas na “guerra pela audiência”

Delator de ex-prefeito é acusado de fake news e vai depor sobre crime no PR
Eleandro Passaia, jornalista que atuou em Mato Grosso do Sul e pivô da Operação Uragano, agora envolvido na polêmica do caso Daniel / Foto: Facebook/Reprodução

Eleandro Passaia, delator esquema de cobrança e pagamento de propinas comandado pelo ex-prefeito de Dourados, Ari Artusi, está sendo acusado pela defesa dos envolvidos na morte do ex-jogador do São Paulo, Daniel Corrêa, de usar “fake news” na guerra pela audiência.

O jornalista, que atuou em Mato Grosso do Sul, é apresentador o telejornal Tribuna da Massa, veiculado no horário do almoço pelo SBT do Paraná. Os advogados dos acusados de assassinato devem chamá-lo para depor.

Advogado da família Brittes, Claudio Dalledone Júnior reclamou, em reportagem publicada pelo portal Uol, que o âncora do Tribuna da Massa publicou reportagens sem confirmação da veracidade. Dalledone defende que matéria que relacionava swing e voyeurismo com o assassinato são exemplos de conteúdos falsos colocados no ar.

O SBT, segundo o defensor, levou ao programa uma pessoa afirmando que Edison ofereceu a mulher para Daniel.

Para a defesa, as reportagens “demonizaram” Edison Brittes, também conhecido como Juninho Riqueza; a mulher dele, Cristiana Brittes; e a filha do casal, Allana Brittes. Os três clientes estão presos preventivamente por envolvimento no homicídio e mutilação de Daniel.

Trâmite – A defesa da família Brittes quer chamar Passaia para depor porque entende que pai, mulher e filha tiveram a reputação atacada.

O depoimento pode ocorrer na fase de instrução, quando as testemunhas são ouvidas no gabinete do juiz, ou no tribunal do júri.

A emissora – Para o Uol, a emissora que retransmite o SBT no Paraná, a Rede Massa, por meio do departamento jurídico da empresa, enviou uma nota afirmando que as reportagens sobre o caso Daniel "foram baseadas em fatos, fontes idôneas e/ou simplesmente reverberam notícias já publicadas".

"A Rede Massa refuta, por fim, a alegação que tenha veiculado fatos sabidamente inverídicos com o intuito de prejudicar quaisquer dos membros da família Brittes", diz o texto.

O crime – Daniel foi encontrado morto no dia 27 de outubro de 2018 – conforme a investigação, duas horas depois do seu assassinato –, em um matagal na Colônia Mergulhão, zona rural de São José dos Pinhais, no Paraná, parcialmente degolado e com o pênis cortado.

A denúncia aponta que Daniel foi flagrado por Edison Brittes deitado na cama de Cristiana Brittes, esposa de Edison, tirando fotos ao lado dela.

Uragano – Em setembro de 2010, todo o comando político da cidade, servidores municipais e empresários locais foram parar atrás das grades por suposta ligação com o esquema de cobrança de propina comandado pelo então prefeito Ari Artuzi, morto em 2013, de câncer.

O caso teve como delator o então secretário de Governo, o jornalista Eleandro Passaia.