Artista e arte-educador é um contador de histórias, musicista e animador de crianças

De ‘menino medroso’ que a mãe decidiu levar ao teatro, Edu se tornou referência no brincar
Artista e arte-educador é um contador de histórias, musicista e animador de crianças / Foto: (Higor Marinho/Arquivo Pessoal)

Aos 11 anos, Eduardo Alcântara era um garoto que saía do bairro Caiçara rumo ao projeto social Casa de Ensaio. No início, era só sábado, depois, no ano de 2006, quando passou a ter aulas durante a semana, a frequência aumentou. O estímulo vinha de sua mãe, uma professora apaixonada por arte. O tempo então cumpriu o que já era esperado e ele se tornou um contador de histórias, musicista e animador de crianças, um veradeiro brincante e ator que explora elementos lúdicos.

“Naquela época, não tínhamos condições de pagar um curso particular e fomos para lá. E deu tudo certo, detalhe que o fundador da Casa, o Arthur, sempre lembra que eu era muito medroso, que tive muitas conquistas ali. No início, minha mãe levava e buscava, depois passaram a oferecer o passe e até a questão de ter autonomia eu aprendi ali. Acabou que eu encontrava os outros alunos no terminal e a gente ia junto, então, com o tempo fui me desenvolvendo e sabendo o que eu queria”, disse Eduardo.

Aos poucos, nascia o ator e arte-educador, que faz parte de um projeto que nasceu há mais de 25 anos, como é o “Casa de Ensaio”, além de criar o “Teatro de Brincar”. “Fui desenvolvendo diversas linguagens artísticas, como teatro, dança, música, literatura, cinema e a brincadeira da infância, trabalhamos com este resgate também. E quando me tornei monitor e educador do projeto é que comecei a desenvolver uma pesquisa na cultura da infância”, relembrou.

(Higor Marinho/Arquivo Pessoal)
‘Foi uma grande virada’, diz arte-educador após contato com referências nacionais
Sendo assim, o primeiro contato foi com Lidia Ortelio, referência aqui no Brasil neste assunto. “Ela vem a Campo Grande e, graças à Casa de Ensaio, ganhei uma bolsa para fazer o curso com ela, e a Lucilene Silva também, que é como se fosse a pessoa que dá continuidade, o braço direito da Lidia, digamos assim. E o contato com elas foi a grande virada na minha vida artística, já que me apaixonei profundamente e veio em meu coração essa vontade de pesquisar a cultura brasileira e a cultura da infância”.”, argumentou o arte-educador.

Eduardo então mergulhou em estudos de comunidades brasileira, até do exterior também, em que existem as “brincadeiras cantadas” e os chamados brinquedos de infância. Já com a licenciatura em artes visuais, no ano de 2015, passou a atuar em escolas públicas. “Este ano estou completando 10 anos atuando com educação infantil no município. E na época da pandemia tive outra virada de chave. Isolado em casa, precisava me comunicar com as crianças, até para levar um pouco de encantamento e afeto, naquele momento de tristeza que estávamos”, afirmou.

Neste momento, o professor fala que recorreu a postagens no Youtube, com todo o universo da brincadeira e das histórias. “No ano de 2020 nasceu o Edu Brincante, um personagem que eu visto, como se eu fosse criança, me sinto muito o Dudu, meu apelido quando eu era criança. E o Edu Brincante traz toda a minha vivência, nesses universos do teatro infantil, esse encantamento de Castelo Rá-Tim-Bum, de programas da TV Cultura, enfim, então, cresci muito brincando muito na rua”, ressaltou.

(Higor Marinho/Arquivo Pessoal)
(Higor Marinho/Arquivo Pessoal)
‘Brincante’ foi inspirado em artistas da cultura popular, explica artista
Ao criar o próprio projeto, Edu fala que até o nome “Brincante” foi inspirado em artistas da cultura popular. “É um trabalho mais solo, então, fui produzindo materiais na época da pandemia, postando no meu canal e depois presencialmente. Chamei outros artistas que também pesquisam a infância e aí nasce a trupe Teatro de Brincar, com pessoas que passaram pela minha vida, chegaram depois, é algo muito legal que eu consegui construir, um grupo que está se tornando referência em nosso Estado”, opinou.

Ao todo, quatro pessoas, recentemente premiadas, fazem parte do projeto. “É algo que vai dos bebês até as crianças na escolas, envolvendo também os educadores, então, a gente brinca, faz teatro, canta, dança e encanta. E essa característica de ser um grupo de bonecos, também, leva magia, encantamento, gosto muito. São espetáculos com uma estética muito apurada e cuidadosa, que acho Bonito e respeitoso com quem está tendo o primeiro contato com o teatro, fruto das pesquisas”, comentou.

Atualmente, aos 34 anos, Eduardo faz uma especialização em São Paulo, em um centro de estudos e pesquisas para a primeira infância em cultura brasileira. “Posso dizer que estou o tempo todo me dedicando, para fortalecer a arte para primeira infância no nosso Estado. Eu amo o que eu faço, tenho o maior orgulho, sei da importância, que é um direito de todo ser humano ter contato com a cultura, então, a gente vem com este trabalho há cinco anos e fico muito orgulhoso desta trajetória, ansioso para o que vem por aí também”, finalizou.