De folga, em casa, socorrista Rodrigo Quadros ajudou o filho do vizinho que havia caído na piscina; menino está internado.

De folga em casa, médico do Samu socorre vizinho de 3 anos de afogamento

Em raro momento de folga, ontem (23), o médico Rodrigo Quadros, 45 anos, estava em casa, no Bairro Giocondo Orsi, quando precisou colocar em prática o que exerce no dia a dia como socorrista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Neste caso, foram os primeiros-socorros para salvar menino de 3 anos, vítima de afogamento.

“Foi por Deus mesmo” disse o médico. O pedido de socorro chegou pelos gritos dos vizinhos, por volta das 10h. “Eu corri do jeito que estava”. Quadros mora em frente da casa e logo que chegou viu o menino na borda da piscina. Ele havia caído acidentalmente e foi retirado da água pelo pai.

O médico conta que a criança estava roxa, sem movimentos e o pai fazia compressão torácica, indicada para a situação. Quadros assumiu a massagem cardíaca, a criança vomitou e foi virada de lado, para evitar que o vômito obstruísse as vias aéreas.

O médico pediu pano para limpar as vias aéreas e secar a criança. Enquanto isso o pai da criança fazia ventilação boca a boca. “Ele ajudou a salvar o filho junto comigo”, disse o socorrista. A esposa do socorrista, cirurgiã plástica, chegou em seguida e também prestou auxílio.

No salvamento, também foi realizada a capotagem, os “tapinhas” nas costas da criança. O menino voltou a respirar e retomou a cor. Enquanto fazia os procedimentos, o médico pediu que ligassem para o Samu enquanto informava ao atendente, no viva voz, o estado de saúde do garoto.

O menino foi internado no Hospital da Unimed, na Avenida Mato Grosso. O estado de saúde não foi divulgado pela instituição. A família não foi localizada para comentar o caso.

Essencial - Rodrigos Quadros alerta que essa ligação, seja 192 (Samu) ou 193 (Corpo de Bombeiros), pode ser o diferencial entre a vida e a morte da vítima. Como socorrista do Samu está acostumado a agir rapidamente, mas entende que isso não ocorre a quem pede ajuda à central. Por isso, explica que a pessoa que entra em contato para o Samu ou Corpo de Bombeiros deve permanecer na linha, repassar as informações e ouvir as orientações.

“A pessoa precisa continuar falando porque a ambulância não depende dessa conversa”, disse Quadros, estimando que talvez quem ligue acredite que o atendente seja da equipe que será deslocada para o socorro e, por isso, não quer prendê-lo ao telefone fazendo perder tempo. “É central separada, ela está ali para orientar, está treinada para isso”. Mesmo que a ambulância chegue no curto período de 4 ou 5 minutos, essa espera sem algum procedimento pode ser fatal. “Esse tempo, se ninguém fizer nada, pode ser a diferença entre a vida e a morte”, alerta.

O médico lamenta que não haja treinamento mais expressivo para situações como essa, seja nas empresas e até nas escolas ou em casa, ensinando às crianças como ligar para telefones de emergência e como proceder. “Quanto mais informações, melhor”.