Após um procedimento chamado VMI (que é um procedimento muito doloroso com oxigênio) Bruna conta que a recuperação foi muito rápida.

Duas histórias de vitória na pandemia que se encontraram no mesmo avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que os levou para o Estado de Rondônia, onde foi possível receber o atendimento adequado em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Covid.
Os douradenses Bruna e Cleiton conseguiram vencer a doença em seu estágio mais grave, que é quando há a necessidade urgente de internação, após uma batalha para conseguir vaga na rede de saúde. E somente a mais 2,4 km de distância da família que eles puderam se recuperar.
Hoje, já de volta para perto da família, os dois contaram ao Dourados News sobre a emoção da recuperação e também o alerta sobre a gravidade da doença, após viverem sob a incerteza entre a vida e a morte.
Bruna Maria dos Santos Duarte, 29, foi a primeira a retornar, recuperada. Junto da mãe, celebrou junto da equipe de profissionais de saúde que a recebeu no Hospital de Campanha de Porto Velho (confira o vídeo aqui).
Cabeleireira e manicure, ela não teve perdas na família por causa da Covid-19, mas no mesmo momento em que estava internada e foi transferida para Rondônia o marido estava intubado no HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados).
Na fila de espera por leito de UTI, quando Dourados viveu um dos momentos mais críticos da pandemia - chegando a 59 pessoas aguardando vaga em 31 de maio - Bruna ficou angustiada ao saber que havia conseguido uma vaga, mas em outro Estado.
“No primeiro momento fiquei um pouco nervosa, mas estava tão mal que passei a não esperar mais nada, sabe? Disse que tudo bem, até por que eu já sabia que aqui em Dourados infelizmente não teria muitas chances [de conseguir vaga]. Não tinha muita noção do que estava vivendo naquele momento dentro do avião. Parecia que estava meio que desligada, mas acordada. Estava com medo do que poderia acontecer comigo em outro estado sozinha”.
Após um procedimento chamado VMI (que é um procedimento muito doloroso com oxigênio) Bruna conta que a recuperação foi muito rápida. Ela realizou o procedimento por três vezes e logo foi transferida para um leito de enfermaria.
Ainda em Rondônia, ficar por um tempo sem acesso ao celular e sem notícias do marido que também estava internado grave com Covid, foi um martírio.
“A distância torna as coisas ainda mais difíceis. A princípio, não sabia como seria tratada lá, por ir para uma UTI já sabia que ficaria sem celular e meu desespero era que não saberia nada do meu esposo. Mas, o carinho e amor que recebi de toda a equipe foi algo que acalmou meu desespero”.
Recuperada junto do marido que também venceu a Covid, Bruna diz que a experiência a fez mudar o olhar sobre a pandemia e que agora compartilha isso com as pessoas ao seu redor.
“Sinto que Deus me deu outra chance de vida. Ainda sinto falta de ar e tremor, mas estou me recuperando bem. É como se diz né? só quem passa para saber. Então sim, mudei muito e enxergo a pandemia com outros olhos”.
Aos 33 anos, o empresário Cleiton Braga dos Santos também foi outro douradense a vencer a doença na sua forma mais grave. Na família, ele teve infectados, mas não perdas. Entre os seus, foi o primeiro que precisou ser internado em UTI.
E em 15 minutos, a família teve que fazer a opção por autorizar a ida dele para o Hospital em Porto Velho.
“Quando me avisaram foi assustador, mas se não fosse a vaga lá, às vezes nem vivo eu estaria. Saí daqui muito mal e cheguei lá pior ainda. Ainda estou me recuperando, voltando aos poucos a trabalhar, mas existem sequelas. Tenho um cansaço, sinto as pernas fracas e tenho que controlar muito a respiração”.
Para ele o foco em manter o psicológico firme fez toda a diferença para a saída da UTI e a volta a Dourados.
E o aprendizado com o que viveu o faz também compartilhar o quanto a Covid é uma doença perigosa e que inegavelmente precisa continuar sendo motivo de preocupação e cuidados por parte de todos.
“Minha visão sobre o cuidado principalmente, mudou muito. Pois é muito perigoso esse vírus e está levando muita gente, então todo cuidado é pouco pois não sabemos de onde e nem quando podemos pegar. Por outro lado, Deus sabe o propósito e o que queria colocar na minha vida. O psicológico é fundamental, você pensa sempre positivo, pensa em Deus e isso ajudou muito, além de todo o cuidado que recebi das equipes médicas”.
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