Reportagem publicada no domingo (10) pela Revista Exame revelou que “um milhão de peixes estão morrendo de fome e apodrecendo em criadouros ou centros de processamento” chilenos porque “manifestantes impedem que funcionários cheguem a esses locais de trabalho”.

Crise política no Chile já ameaça oferta em restaurantes que vendem salmão em Dourados
Importação de salmão do Chile é afetada por crise política. / Foto: Divulgação

Quem gosta de saborear à vontade as delícias servidas nos restaurantes sushi bar de Dourados tem motivo para se preocupar com a crise política vivenciada no Chile. As manifestações de protesto contra o governo do presidente Sebastián Piñera que persistem pelo menos desde o dia 18 de outubro têm afetado a exportação do salmão e já existe risco de faltar estoque nos estabelecimentos.

Reportagem publicada no domingo (10) pela Revista Exame revelou que “um milhão de peixes estão morrendo de fome e apodrecendo em criadouros ou centros de processamento” chilenos porque “manifestantes impedem que funcionários cheguem a esses locais de trabalho”.

Segundo maior exportador de salmão do mundo, o país andino é a principal fonte do produto para consumidores de Mato Grosso do Sul.

Ao Dourados News, Eduardo Moura, representante no Estado de um frigorífico de São Paulo que importa o peixe, revelou que somente em uma semana deixou de vender aproximadamente três mil quilos de salmão porque não foi possível importar a quantidade necessária.

“Todo mundo que compra do Chile está sendo afetado com essa crise. Eu, por exemplo, deixei de vender, por baixo, mais de 100 caixas na semana. E tem mais uns dois fornecedores de São Paulo que também atendem Mato Grosso do Sul que estão com problemas”, informou.

Ele explicou que a empresa paulista traz, semanalmente, em média 15 carretas com 450 caixas, cada. Nesta semana, porém, trouxe 8. Além da paralisação de atividades em centros de processamento, o Chile também tem estradas bloqueadas e caminhões parados acabam por perder os carregamentos, já que o produto é perecível.

Em Dourados, o representante diz atender ao menos sete restaurantes sushi bar. Ele destaca que esses estabelecimentos precisam ser abastecidos semanalmente. “O salmão fresco não pode ser estocado, tem 21 dias de validade quando sai do Chile, demora de 10 a 12 dias para chegar no Estado, porque a importadora leva primeiro para São Paulo. Então o peixe chega aqui com 8 a 10 dias de validade e tem restaurante que comercializa em menos de uma semana”, detalha.

Esse é o caso do sushi bar de Mônika Ferreira, que serve rodízios em Dourados. “Só conseguimos a metade da quantidade que pegamos normalmente por semana. A demanda é muito grande, o carro chefe é o salmão e não conseguem nos fornecer a quantidade que precisamos. Se não conseguir normalizar em poucas semanas, vai ter lugar que não vai conseguir funcionar, inclusive nós”, diz.

A preocupação da empresária é porque esse peixe é o principal atrativo do restaurante. “O salmão vai praticamente em todos os preparos. Trabalhamos com outros peixes, mas o salmão é a preferência, não consigo substituir. Nosso ramo que trabalha com rodízio tem risco de não conseguir manter esse à vontade e assim o cliente pode se sentir lesado”, pontua.