Na agiotagem, os juros cobrados dos clientes para um empréstimo de dinheiro ultrapassam os limites legais; pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão.

Crime de agiotagem em MS neste ano já superou total de registros em 2021
Crime de agiotagem em MS neste ano já superou total de registros em 2021 / Foto: Reprodução

Não é difícil ouvir de 'uns e outros' sobre o empréstimo de dinheiro à juros exacerbados sem restrições, seja por vontade própria ou motivos de força maior - isso é o que configura o crime. Dados de Mato Grosso do Sul, no entanto, mostram que a agiotagem ainda é pouco denunciada no Estado.

Por outro lado, os números disponibilizados pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública)  trazem um panorama que pode indicar uma mudança nos registros da prática de agiotagem: os dados de 2022 mostram que os registros policiais de janeiro a agosto já superam o total reportado pelas vítimas em todo 2021.

Nos primeiros 8 meses deste ano, foram 9 ocorrências registradas pela polícia, enquanto que no ano passado são 8 registros. De 2019 a 2021, os registros apresentaram queda, ano a ano, mas teve novo aumento.

Agiotagem é subnotificada

A nova alta pode ser mostrar dois panoramas: o primeiro, mais ideal, é que os crimes estão sendo denunciados. O segundo, mais preocupante, é que mais pessoas estão fazendo empréstimos com agiotas. Entretanto, os dados registrados ainda são baixo, o que também revela uma característica do crime.

Para o delegado Rodolfo Daltro, o baixo número de registro ocorre pelo fato de que a agiotagem é subnotificado, por conta da dinâmica da relação entre agiota e vítima. Um precisa do dinheiro, enquanto o outro ganha em cima do empréstimo.

"A prática de agiotagem, em si, é um crime. Porém, é um crime de pena baixa e, como envolve cobrança, quando a dívida vai tomando proporções maiores, pode ter consequências maiores"

Conforme o delegado, as esse tipo de delito acaba sendo acompanhada de um outro mais grave, como ameaça, homicídio, extorsão, lesão corporal e etc. Isso porque o agiota - para fazer a cobrança da dívida - acaba utilizando meios violentes para tal.