Petistas indicam que objetivo era criminalizar o movimento e bolsonaristas pedem inclusão de crimes no relatório final.

CPI do MST: divergências entre deputados do MS marcam desfecho das oitivas
Deputada Camila Jara (PT) e Rodolfo Nogueira (PL). / Foto: André de Abreu / Wesley Ortiz

Enquanto a deputada federal Camila Jara (PT) indica que a da CPI do MST (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Federal terminou como um jogo falho e com intenção de incriminar o movimento social, o deputado bolsonarista Rodolfo Nogueira (PL), pediu ao relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP) para inserir no relatório final os crimes de extorsão, associação criminosa e constituição de milícia.

A CPI do MST foi aberta objetivando investigar supostos crimes em ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A busca pela inclusão de crimes específicos no relatório final é um dos objetivos dos parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sobre o relatório final e o término da CPI do MST, a deputada Camila Jara enfatizou sua crença de que a CPI não conseguiu estabelecer de forma efetiva a culpa do MST em crimes. Para ela, o desfecho da investigação foi uma derrota da oposição, indicando que a intenção de incriminação estava clara desde o início. 

“A CPI terminou da mesma forma que começou. Um jogo falho de cartas marcadas para tentar incriminar um movimento legítimo de luta pela reforma agrária que falhou porque não havia dolo. No final, vimos que o melhor caminho para acabar com o MST é simples. Basta fazer a reforma agrária, garantir o trabalho para as famílias no campo e a comida sem veneno no prato dos brasileiros”, disse a deputada.

Por outro lado, o deputado Rodolfo Nogueira, quer que seja incluído no relatório final os crimes de extorsão, associação criminosa e constituição de milícia, relacionados às ações do MST.

"Durante a oitiva do Stédile, pedi que o Salles inserisse no relatório os crimes de extorsão, associação criminosa e constituição de milícia. Espero que meus pedidos sejam atendidos. Aguardo com muita expectativa a redação final do relatório", disse Nogueira, que também argumenta que a oposição ao governo saiu vitoriosa com os depoimentos colhidos durante as oitivas, e que o grupo continuará sólido, buscando o indiciamento das pessoas que possam ter cometido crimes.

A CPI, instalada em maio. O colegiado é presidido pelo deputado Tenente Coronel Zucco, membro do Partido Republicano (Republicanos-RS), e tinha um prazo inicial de 120 dias para concluir suas atividades. No entanto, esse prazo poderia ser estendido por mais 60 dias mediante um requerimento assinado por pelo menos 1/3 dos deputados. A incerteza prevalece sobre a possibilidade de prorrogação dos trabalhos, uma vez que o término do funcionamento da CPI está agendado para 14 de setembro.