CPI da Enersul divulga oito nomes da lista confidencial do desvio
Segundo Côrra, CPI quer saber se gestão foi fraudulenta. / Foto: Roberto Higa/ALMS

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Enersul/Energisa, que investiga desvio de dinheiro na empresa de energia elétrica, divulgou hoje os oito primeiro nomes da lista confidencial. De acordo com o documento, a movimentação entre 2010 e 2012 foi de R$ 2 milhões. O valor é somente para os oito, pois auditoria aponta desvio de R$ 700 milhões e 35 envolvidos.

Conforme a apuração, em curso na Assembleia Legislativa, o relatório entregue ontem, em Brasília, pelo presidente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino, tem 150 páginas. Ate o momento, a comissão chegou à página 22. O documento é técnico e não traz uma lista com todos os nomes.

De acordo com a CPI, a então diretora do Grupo Rede, Carmem Campos Pereira, recebeu gratificação e bonificação indevida R$ 230 mil em 2010, R$ 290 mil em 2011 e R$ 55.172 em 2012.

Para o ex-vice-presidente da empresa, Sidney Simonaggio, o pagamento foi de R$ 108 mil em 2010. Outro citado é o também ex-vice-presidente Cyro Vicente Boccuzzi, que recebeu R$ 125 mil em 2011 e R$ 360 mil em 2012.

Conforme a comissão, Edmir José Bosso (então diretor operacional) recebeu R$ 70 mil em 2010, R$ 80 mil em 2011 e R$ 120 mil em 2012. Valdir Jonas Wolf (que foi diretor de operação) recebeu R$ 170 mil em 2010 e R$ 270 mil em 2011.

Também foi apontado pagamento de R$ 80 mil ao dono do Grupo Rede, Jorge Queiroz. O valor foi em duas parcelas: R$ 40 mil em 2010 e a mesma quantia em 2011.

Já Carlos Alberto de Oliveira, que presidiu o Conselho Deliberativo, é citado por receber R$ 4.323 em 2011 e R$ 4.323 em 2012. Segundo o relatório, Lucas Leandro Muller recebeu R$ 2.667 em 2011 e R$ 37.878 em 2012.

Somados, os valores resultam em R$ 618 mil em 2010, R$ 811.990 em 2011 e R$ 577.373 em 2012.

O relatório foi elaborado pela PwC ( PriceWaterHouseCoopers). De acordo com o presidente da CPI, deputado Paulo Côrrea (PR), a Aneel informou que não há políticos na lista. O presidente da agência relatou aos deputados que a lista confidencial é formada por funcionários, empresários e empresas prestadoras de serviço para a Enersul.

“Somos pagos para desconfiar de tudo. Por isso vamos analisar com cuidado todas as páginas desse relatório. Até porque o presidente nos falou que esses prejuízos da Enersul, causados pelo Grupo Rede, não trouxeram impacto para conta de energia do consumidor. Porém vamos analisar com cuidado para saber se houve impacto na tarifa e cobrar o ressarcimento, assim como apresentar todos os nomes que faziam parte desta folha confidencial”, afirma Côrrea.

Ainda de acordo com o deputado, a análise evidenciou que R$ 185 milhões da Enersul foram repassados para outras empresas do Grupo Rede. Agora, sera verificado se o dinheiro foi reposto.

“O presidente da Aneel reconheceu que foi uma péssima gestão do Grupo Rede e vamos investigar se essa também foi fraudulenta. Faltou a Aneel nos entregar apenas as cópias de contratos com duas empresas terceirizadas da Enersul, que vão nos entregar em 15 dias”, salienta o presidente da CPI.