Sinpetro afirma que falta é momentânea, ao contrário do que ocorre no interior; demanda levou posto a elevar de R$ 3,98 a R$ 4,29 o preço da gasolina

Corrida por abastecimento zera estoque em postos de combustíveis

O temor de ficarem a pé fez motoristas de Campo Grande procurarem os postos de combustíveis a fim de abastecerem antes que comece a faltar gasolina em decorrência da greve dos caminhoneiros –que chega ao seu quarto dia e envolve o bloqueio de rodovias e também da entrada de distribuidoras. Com a demanda maior, alguns postos estão com os tanques zerados desde o fim da tarde de quarta-feira (23), situação que já era sentida no interior do Estado.

Em um posto de combustíveis na rua Cândido Mariano, a poucos metros da avenida Ernesto Geisel, no Centro, o combustível acabou por volta das 16h de quarta. Nesta quinta-feira (24), funcionários que compareceram ao trabalho se concentraram apenas em funções administrativas, segundo informou a gerente Vera Nogueira. “Os caminhões não conseguiram sair das bases (distribuidoras), afirmou ela, à espera de uma nova carga de combustíveis.

Vera conta que antes de acabar o estoque, o posto ficou lotado de clientes, preocupados com o risco de faltar gasolina e etanol. “Vieram abastecer correndo. Ficamos cheios de carros, em compensação, acabou todo o estoque”, afirmou, já contabilizando quase 24 horas sem combustíveis.

Outro posto, na rua Joaquim Murtinho, viu o estoque acabar em cinco horas de trabalho –o posto abriu às 6h e, às 11h, não havia mais combustíveis. O gerente Francisco Alves Lima conta que, neste período, foram vendidos cinco mil litros de gasolina. “Acabou tudo muito rápido”, reiterou.

A demanda também resultou no aumento de preço nas bombas, admitiu o gerente: na quarta-feira, a gasolina era comercializada no local a R$ 3,98. Nesta manhã, com a alta demanda, o preço já era de R$ 4,29.

Cléber Pessa, 59, deixava o posto nesta tarde sem conseguir encher o tanque. “Vou continuar procurando. Não consegui aqui, mas não tem jeito, não dá para ficar sem”, afirmou, ao também ligar o problema ao momento político do país. “Não botaram o cara lá? Então agora aguenta”, disparou, referindo-se ao presidente Michel Temer –cujas propostas até aqui para minimizar a greve foram rejeitadas pelos caminhoneiros.

Momentâneo – O gerente-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), Edson Lazaroto, informou que, diferente de municípios do interior do Estado, Campo Grande não está totalmente desabastecida de combustíveis.

“O que ocorre é que os caminhões estão demorando um pouco para abastecer por conta da logística. Os caminhões estão truncados nas bases. Mas ainda há estoque nas distribuidoras. Ocorre que o posto fica momentaneamente sem. E não está sendo atendido na totalidade: se ele pede 10 mil litros, a Petrobras manda 5 mil. Reduziu para tender a todo mundo”, disse Lazaroto.

A demora, prosseguiu ele, deve-se ao fato de caminhões ficarem retidos em bloqueios pelo interior, atrasando os reabastecimentos. Enquanto ainda há condições de atender a população da Capital, no interior há localidades onde a falta de combustíveis é mais crônica.

“Em Dourados temos informações de que 90% dos postos estão sem combustíveis. Em Bonito zerou quase que totalmente. Estavam limitando abastecimento a 15, 20 litros”, afirmou o gerente do Sinpetro. Ainda conforme Lazaroto, caso a paralisação dos caminhoneiros terminasse nesta quinta-feira, “os estoques não seriam normalizados até quarta-feira, porque tem muitos pedidos acumulando. Levaria de três a quatro dias para regularizar”.

Enquanto isso, as filas se replicam no interior do Estado, com temores de que faltará combustíveis. Em Ribas do Rio Pardo –a 103 km de Campo Grande–, segundo informações da Rádio 90FM, postos trabalham com a expectativa de terem os estoques vendidos ainda nesta quinta-feira. A cidade registra filas que se estendem por várias quadras.