Atividade transforma a vida de mulheres que precisaram encarar as mudanças da maternidade e a depressão pós-parto.

Corrida é aliada de mulheres que estão saindo da gravidez e do puerpério
Tati Bergamo teve depressão pós-parto e descobriu na corrida o caminho para uma vida mais saudável. / Foto: Valter Patrial

Não é de hoje que a corrida é considerada um dos esportes mais completos do mundo, capaz de auxiliar no emagrecimento, no ganho muscular e na diminuição dos efeitos do estresse. Além de todos esses benefícios, a corrida ainda pode ser uma aliada importante para as mulheres que estão saindo da gravidez e do puerpério. 

Quem vê Rafaela Arlotta, 34 anos, correndo em maratonas não imagina o quanto ela fugiu de práticas esportivas ao longo da vida. “Eu não gostava de praticar exercícios nem de comer de forma saudável, era uma obrigação para estar dentro de um padrão estético. Quando engravidei, eu já estava acima do peso e durante a gravidez engordei 17 quilos, porque para mim, por eu estar grávida, eu não precisava mais construir um corpo magro, então comia o que dava vontade e acabei engordando muito”, conta.

Rafa relembra que um dos piores momentos foi quando perdeu o desejo de sair de casa. A vida se resumia aos cuidados com a filha e ao trabalho. “Até que eu não me reconhecia mais, não era mais uma pessoa sociável”, afirma. Quando a filha Mel completou três meses de idade, a atleta decidiu mudar. “Esse clique me veio quando ela tinha mais ou menos uns três meses, porque percebi que ela seria tudo o que eu era, que ela iria se inspirar em mim, e decidi que ela precisava ter uma relação melhor com a comida, com os exercícios físicos, que ela precisava enxergar uma mãe que se amasse, que fosse uma mulher forte”, acredita.

Dessa vez, porém, Rafaela não quis ceder aos padrões estéticos e começou a praticar exercícios devagar e sem cobranças. Em um ano, perdeu 20 kg. “A corrida foi me conquistando porque eu via quão bem eu ficava, como eu me sentia bem sendo capaz de superar meus próprios desafios, aquilo me transformava e eu levava aquilo para dentro de casa como uma motivação. Sou capaz”, enaltece. 

Agora, Rafaela ainda tem a companhia da filha, Mel, de 6 anos, que já participa de competições infantis. 

BEM PRA MENTE

Corredora experiente, Tatiane Bergamo, 33 anos, participa de competições estaduais, como a meia maratona Bonito 21K, e internacionais, como a Maratona de Boston. Porém, a atleta confessa que já teve dificuldades de correr apenas uma quadra no passado. 

Foi com o diagnóstico de depressão pós-parto que Tati precisou descobrir uma atividade física que amasse. 
“Eu tive depressão pós-parto, minha médica me passou um tratamento com remédios, mas indicou muito que eu procurasse um esporte. No começo, não levei a sério, mas, como a médica insistiu, decidi recomeçar esse projeto, porque eu tinha começado a tentar correr um pouco antes da gestação. Mas logo engravidei e parei”, relata.

Ela conta que não conseguia correr nem mesmo uma quadra, mas se motivava a continuar pelo desafio. “Comecei com apenas 20 minutos, mas nesse tempo eu me conectava muito com tudo, inclusive comigo mesma. A corrida é muito isso pra mim, é o meu momento, é a hora em que eu reflito, penso em tudo, agradeço, é como se fosse uma meditação”, enfatiza. 

Aos poucos, ela fez como Rafa: estabeleceu metas, foi superando desafios e passou a fazer parte de um grupo. “A corrida foi realmente transformadora na minha vida, falo que depois dela me tornei uma outra pessoa muito mais forte, determinada, focada e feliz também, porque ela me traz muita felicidade”, pontua Tati. “Eu sou a prova de que o esporte salva, sou a prova também de que a depressão é uma doença muito mais séria do que a gente imagina, eu mesma não levava muito a sério antes de ter, achava que era mais fácil querer superar e se curar, e não é tão simples assim”, acredita.