Delegada diz que conversas podem apontar qual o caminho feito pelo suspeito para trazer mercadorias e depois as vender, inclusive fornecendo nota pela empresa de fachada.

Conversas no celular de empresário de MS vão ajudar PF a identificar entrada de produtos ilegais no Brasil
Casa do suspeito foi um dos alvos da operação da PF e da Receita Federal em Campo Grande / Foto: Osvaldo Nóbrega/TV Morena

Além de analisar a vasta documentação apreendida, a Polícia Federal (PF) vai vistoriar o celular do empresário de 39 anos, preso nesta quarta-feira (17), em Campo Grande. Segundo a delegada Kelly Bernardo Trindade, responsável pelas investigações, as conversas do suspeito podem apontar qual o caminho feito por ele para trazer mercadorias ilegais ao Brasil.

"O celular dele também foi apreendido e este é um dos meios para identificar qual o possível caminho para trazer os produtos, que ele depois vendia aqui de forma legal, enganando os compradores e mantendo uma empresa de fachada para dar mais credibilidade e confiabilidade ao negócio", ressaltou ao G1 a delegada que atua como chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Fazendários (Delefaz).

Até o momento, o único órgão público identificado como cliente foi o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS). Neste caso, existe um contrato entre com a empresa desde outubro de 2018, fornecendo câmeras, sensores de alarmes, entre outros eletrônicos. No entanto, a PF suspeita de outros possíveis contratos com instituições públicas.

Empresa "para inglês ver"
 
O empresário foi preso em casa, por volta das 6h (de MS). Ele estava no local com a noiva e o filho dela, quando houve a abordagem no Jardim Auxiliadora, região do Vilas Boas. A PF também cumpriu um mandado de busca na empresa dele, localizada na avenida Eduardo Elias Zahran.

“Ele mantinha uma empresa de fachada, com CNPJ e localização, só que não existia nota de entrada dos produtos e depois ele vendia somente com as notas de saída. Era uma importadora para inglês ver e com isso ele tinha credibilidade com órgãos públicos que os contratava”, comentou Bernardo.

O empresário já vinha sendo investigado desde 2017. “Ele fornecia os equipamentos, pois participava de licitações e então colocava tudo de forma ilegal no país e mantinha a empresa, para dar credibilidade e confiabilidade no negócio. Nós cumprimos dois mandados, na casa dele e na empresa e agora a documentação apreendida será analisada”, ressaltou Trindade.

Receita também utilizou um caminhão para apreender diversas câmeras ilegais no imóvel dele. Para guardar os objetos, o empresário inclusive utilizava containers e pretendia inclusive “aumentar o estoque”, por isso a operação foi batizada com este nome.

Durante o flagrante, os agentes acharam porções de maconha e uma pistola 380, que o empresário confessou ter adquirido no Paraguai, ainda segundo a delegada. Ele prestou depoimento na superintendência, deve responder por contrabando, posse de droga e também tráfico internacional de arma de fogo.