Nutricionista explica como aumentar o interesse da criança pelos alimentos certos.

Confira dicas para manter a vida saudável das crianças durante o isolamento
Nada de quebrar a alimentação saudável durante o isolamento. / Foto: Divulgação

As medidas de isolamento social por conta do novo coronavírus (Covid-19) modificaram a rotina de milhares de pessoas, inclusive das crianças e adolescentes, que tiveram as aulas presenciais interrompidas para evitar o aumento do contágio pelo vírus. 

A nutricionista Taís Eberhardt, alerta que neste período de mudança na rotina, os pais podem ficar tentados a flexibilizar a alimentação também, como acontece durante o período de férias. “No entanto, o momento que estamos passando é diferente, a rotina foi alterada repentinamente, e não há previsão exata de quando voltará ao normal, e por isso é necessário atenção e cuidados na alimentação da criança, para que não haja alto consumo de alimentos ultra processados, pobres em nutrientes, ricos em sódio e altamente calóricos podendo comprometer a saúde, que pode ser desde uma intoxicação alimentar, alteração do sono, irritabilidade, até o aumento de peso e consequentemente elevar o risco doenças associadas como por exemplo como diabetes tipo II”, afirma Taís. 

Com um vírus altamente contagioso no mundo, o ideal é investir em uma alimentação saudável, que auxilie na construção de uma imunidade mais forte. Para quem tem crianças com até dois anos em casa, o leite materno também é um importante aliado. “Até o sexto mês de vida a Organização Mundial de Saúde recomenda que o bebê seja alimentado exclusivamente pelo leite materno. Após esse período, é recomendado que o leite materno continue sendo utilizado como um complemento à alimentação pelo menos até completar dois anos. Nesse período se inicia a formação da imunidade, sendo o leite materno o melhor e mais completo alimento, responsável por suprir todas as necessidades imunológicas do bebê. Assim, as crianças que foram amamentadas, em geral, contam com um sistema imunológico muito mais forte em sua infância, apresentando menos doenças ou fazendo que se manifestem com menos intensidade”, indica. 

Após esse período, os pais podem variar o cardápio. “Vale a pena investir em vegetais verde-escuros, frutas e legumes que são ricos em vitaminas e minerais. Também é importante garantir que a criança fique exposta ao sol com regularidade para que absorva as vitaminas responsáveis por formar essa imunidade. Alimentos prebióticos e probióticos tem forte contribuição no sistema imunológico e previnem doenças, pois auxiliam a manter as bactérias de boa qualidade no intestino”, frisa. 

Os prebióticos podem ser encontrados nas fibras que estão na aveia, banana e maçã, enquanto os probióticos estão presentes no kefir de leite e iogurtes naturais. “Os alimentos naturais sempre são a melhor opção, procurando sempre manter as necessidades específicas de macronutrientes - proteínas, gorduras e carboidratos - e micronutrientes - minerais e vitaminas - na alimentação. Para facilitar, sempre procure montar um prato colorido (5 cores), variando sempre os alimentos e a forma de preparação”, indica. 

Já na lista dos que não devem estar presentes na mesa, o açúcar está no topo. “É importante lembrar que crianças antes dos dois anos não devem consumir açúcar, que está muito presente em refrigerantes e sucos artificiais. No entanto, de maneira geral, esses alimentos devem ser evitados, assim como produtos industrializados e com conservantes, produtos com corantes artificiais, embutidos, enlatados, bolos, biscoitos recheados e guloseimas em geral, balas de qualquer tipo, pirulito, chocolates e achocolatados, salgadinhos de pacote em geral. Alimentos muito doces ou muito salgados, comidas muito condimentadas”, pontua. 

Dicas da nutricionista

- A nutrição é uma forma de cuidar, quando oferecemos os alimentos saudáveis aos nossos filhos, estamos oferecendo amor e saúde. Às vezes os pais acreditam que estão fazendo isso dando guloseimas, mas é ao contrário. Dessa forma estão estimulando hábitos não saudáveis que podem comprometer a saúde e desenvolvimento da criança. 

- Lembre-se que o maior exemplo da boa alimentação são os hábitos familiares. O ambiente das refeições deve ser o mais calmo possível, procurando manter a rotina. Tenha um horário para refeições principais, reúna a família, evite distrações (TV, tablet e celular). 

- Procure ter alimentação a mais variada possível (colorida)! Prefira carnes com pouca gordura, peixes, ovo, fontes de cálcio, como o leite e de vitaminas, e micronutrientes, presentes nas verduras, legumes e frutas (4- 5 porções por dia); As guloseimas devem ser a exceção e não a regra. 

- Variar a preparação pode fazer com a criança experimente novos alimentos. Muitas vezes a criança rejeita um alimento por não se adaptar a textura, preferindo uma ou outra forma de preparo, como a cenoura crua ou a cenoura cozida por exemplo. Estudos mostram que para uma criança não gostar de algum alimento precisa experimentar pelo menos 10 vezes preparada de diferentes maneiras. Seja criativo!!!

- Quanto mais as crianças participarem do processo, mais se sentirão motivadas. Envolver as crianças nas compras e preparações de receitas tem resultado efetivo no consumo dos alimentos. A nutrição é estimulada por todos os sentidos, o contato espontâneo com os alimentos faz com que as crianças se familiarizem com eles e passe a aceitá-los. Para cozinhar é preciso selecionar, tocar, sentir, cheirar, cortar, amassar e também provar o que se está preparando, além de ser um ótimo momento para estreitamento de vínculo e troca de afeto. 

- Manter a atividade física também é complementar ao desenvolvimento de hábitos saudáveis. Em época de quarentena, não deixe a criança o tempo todo na televisão ou computador. Planeje brincadeiras que envolvam atividades físicas que envolvam toda família. A criança tende a sentir mais fome quando se movimenta e gasta caloria, além de contribuir para a diminuição da ansiedade.