Mulher relata momentos de tensão com a invasão do ex-marido em sua casa, agressões com extrema violência e até estrangulamento.

Confeiteira escapa de ser mais uma vítima de feminicídio em Campo Grande
André Luiz é quem atormenta e quase fez a confeiteira virar estatística de feminicídio. / Foto: Reprodução/Redes Sociais

A não aceitação do fim do relacionamento e a possessividade por pouco não fizeram uma nova vítima de feminicídio em Campo Grande. O caso, no Jardim Presidente nesta quinta-feira (23), envolveu uma confeiteira, de 51 anos, que terá o nome preservado por motivos de segurança, que em um relato emocionante e preocupante, escapou por pouco de virar mais um número na estatística.

A filha da mulher, Keli Cristina Flores de Souza, de 34 anos, é quem procurou a reportagem para denunciar o caso, pois teme que sua mãe, que mora sozinha, possa ser mais uma vítima de feminicídio em Campo Grande.

Bastante assustada com o que aconteceu, ela decidiu abrir o jogo ao TopMídiaNews e relatar tudo o que viveu na tarde de hoje em sua casa. Com uma voz preocupada com os próximos dias, a mulher relatou que apanhou com extrema violência ficando com marcas no rosto, braço e com nariz e maxilar doendo.

Ouvindo um louvor para acalmar seus ânimos, a confeiteira estava trabalhando nos pedidos para não atrasar as entregas. No entanto, André Luis Vieira, ex-marido e autor das agressões e da tentativa de feminicídio, entrou na casa da mulher sem ela perceber.

Sem qualquer reação naquele momento, ela passou a ser agredida com socos, chutes e quando tentou fugir, teve seu pescoço apertado e por pouco não foi estrangulada pelo homem. A mulher só conseguiu se desvencilhar das mãos do agressor quando seu cachorro atacou o autor.

Nesse momento, a vítima saiu correndo e passou a gritar desesperadamente e contou com a ajuda de uma vizinha, que rapidamente acionou a Polícia Militar. Mas quando os militares chegaram, André já havia deixado o local - e prometeu retornar.

Ela teme, assim como outras mulheres, que já foram vítimas de feminicídio, temeram pelo pior. O caso envolve o mesmo enredo de outras histórias: homem que não aceita o fim do relacionamento, o ciúme e a possessividade de quem não tem mais nada com a vítima.

Separados há um ano e quatro meses, a confeiteira conviveu com inúmeros pedidos para reatar o relacionamento, mas a posição era firme: de dizer não e dar um basta no ciclo de violência que ela viveu durante os cinco anos em que esteve com o ex-marido.

"Vivia em cárcere"

A mulher relembrou o período em que chamava o autor das agressões de marido. Com um comportamento bastante agressivo, ela contou que quase não podia sair de casa. "Eu vivia em cárcere privado, não podia sair, ver os amigos, meus vizinhos", explica.

Com um círculo vicioso de agressão, ela decidiu se separar e denunciar seu ex-marido após ela ficar entre a vida e a morte, quando por pouco ela não foi assassinada no relacionamento abusivo. "No dia que ele quase me matou, eu disse chega".

A denúncia funcionou. André Luis foi para a cadeia, ela conseguiu medidas protetivas contra ele e chegou a viver em paz, mas tudo parece ter voltado a tona após várias ligações, mensagens e ameaças vindo do presídio. Ela guardou todos os prints para realizar um novo boletim de ocorrência e evitar futuros problemas.

Mas isso não foi suficiente. A confeiteira explicou para a reportagem que ele conseguiu deixar a cadeia nesta quinta-feira para trabalhar, já que funcionava em regime de semiaberto, mas decidiu ir para a casa dela ameaça-lá mais uma vez e dessa vez, agredi-lá.

"A gente está tentando interromper esse ciclo de violência. Mesmo tendo medida protetiva, a gente não fica protegido de verdade. Não é a primeira vez que ele faz isso e ele prometeu que ia voltar", comentou a filha Keli bastante preocupada.

Mais uma denúncia

Ainda nesta quinta-feira, a confeiteira e sua filha vão até a Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) registrar mais um boletim de ocorrência contra André Luis Vieira.

A vítima reforçou que pretende pedir mais uma vez a medida protetiva contra o autor e espera que agora ele possa permanecer de vez na cadeia.