Após cinco meses de capacitação, participantes conquistam certificação e ampliam oportunidades de geração de renda.

 Com trilha de aprendizado de confeitaria, Sebrae fortalece negócios de mulheres indígenas de Dourados
Sebrae desenvolveu programa de capacitação exclusivo para empreendedores das etnias Guarani, Kaiowá e Terena. / Foto: Assessoria de Impresa SEBRAE/MS

Uma cerimônia marcada pela emoção e pelo sentimento de conquista encerrou, na última sexta-feira (10), no Sebrae em Dourados, a trilha de aprendizado em confeitaria do Programa Plural, voltada a um grupo indígena formado por 13 mulheres e um homem das etnias Guarani, Kaiowá e Terena, moradores das aldeias Jaguapiru e Bororó. A iniciativa contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Dourados, por meio da Secretaria de Assistência Social, e de uma igreja local. Durante cinco meses, os participantes concluíram cursos teóricos e práticos nas áreas de Higiene e Manipulação de Alimentos, Confeitaria Clássica, Cupcake Gourmet, Mídias Sociais para Alimentos e Bebidas e Precificação, aprimorando habilidades e fortalecendo seus pequenos negócios.

O gerente da Regional Sul do Sebrae/MS, Marcus Faria, destacou o propósito do programa e a importância da inclusão produtiva. Segundo ele, o Sebrae criou o Plural para garantir que todas as comunidades possam enxergar no empreendedorismo uma forma de se desenvolver. “O Sebrae desenvolveu esse programa com o objetivo de olhar para todas as comunidades da nossa região e mostrar que cada uma delas pode se ver como empreendedora. Empreender é isso: potencializar o que temos de melhor. Essa trilha foi um despertar de talentos, e esta noite é uma homenagem a todos que se dedicaram. Queremos que este seja apenas o primeiro passo de uma caminhada que pode abrir muitas outras oportunidades”, disse o gerente.

A secretária municipal de Assistência Social, Shirley Flores Zarpelon, enfatizou a importância da parceria e o impacto da qualificação profissional. “Quando chegamos a uma noite como esta, de celebração, percebemos que isso abre novos caminhos. É isso que queremos, que a Prefeitura atenda a nossa população da melhor forma possível, e uma das melhores formas de realizar, isto é, através das parcerias.”

A entrega dos certificados simbolizou a superação de desafios pessoais e sociais, bem como a conquista de novos conhecimentos técnicos. Agora, as participantes têm comprovação formal de suas habilidades: um diferencial que aumenta a credibilidade diante dos clientes, amplia as possibilidades de geração de renda e fortalece a autonomia financeira das famílias.

O evento foi encerrado com um coffee break preparado pelas próprias participantes, que apresentaram pratos elaborados durante os cursos. O momento contou com a presença de familiares e convidados, simbolizando o impacto coletivo da jornada.

Impacto local

Durante a solenidade de encerramento, a representante da turma, Adriana Borges, destacou em seu discurso o papel transformador das oportunidades oferecidas. “Nós não somos coitadinhos, somos guerreiros. E somos ainda mais fortes quando instituições acreditam em nós e no nosso potencial. Participar dessa trilha foi fundamental para minha vida profissional e pessoal. Aprimoramos técnicas, trocamos experiências e ganhamos confiança.”

Professora da Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatu, Adriana Borges pretende aplicar o aprendizado nas festas familiares e em encomendas gourmet. Para ela, cozinhar é mais do que preparar alimentos. “Na minha família, a comida alimenta a alma, é um momento de compartilhar. Agora, com esse conhecimento, quero valorizar a comunidade indígena, mostrando que podemos oferecer produtos gourmet, com ingredientes de qualidade, e que a comunidade sabe reconhecer e comprar produtos de qualidade.”

Com três anos de experiência em confeitaria, Daniela Silva afirmou que o curso a ajudou a profissionalizar o negócio. “Aprendi muito sobre precificação, algo que eu não dominava. Também descobri receitas novas e aprimorei a divulgação nas redes sociais. O curso de mídias foi excelente, aprendemos que o visual conta muito, porque as pessoas também comem com os olhos.”

Já Midian Valério, que atua com bolos e pastéis, destacou a diferença que a formação técnica faz. “A gente aprende muita coisa de confeitaria com a mãe ou a avó, mas quando vem para um curso profissionalizante, tudo fica mais exato, a gente tem a certeza é que ‘é assim que se faz’. Aprendi várias técnicas e melhorei muito o meu trabalho. Agora, meu negócio está mais profissional e com mais qualidade.”

Com mais de dez anos de experiência na panificação, Josiane Freitas Valério Ramires contou que a trilha foi a oportunidade que esperava para expandir sua produção. “Eu sempre quis aprender confeitaria, mas não sabia por onde começar. O Sebrae me abriu essa porta e eu agarrei a oportunidade. Aprendi muita coisa nova e agora consigo produzir mais e melhor.”

Para Ana Márcia Cândido de Oliveira, que trabalha com bolos e refeições congeladas, o destaque foi o aprendizado sobre controle de produção e uso eficiente de insumos. “Aprendemos a calcular os pesos e quantidades, o que ajuda a evitar desperdícios. Também aprendi a apresentar melhor meus produtos nas redes sociais. Agora, além de estar gostoso, sei valorizar o visual, fazer fotos bonitas que atraem mais clientes.”

Talita Ribeiro Martins administra com o filho o negócio “Sabor de Casa”, especializado em marmitas e bolos. Ela ressaltou que o curso ampliou sua visão sobre o próprio empreendimento. “A trilha abriu meus horizontes. Aprendi a precificar corretamente e a divulgar melhor meus produtos. As fotos das minhas marmitas e bolos agora estão mais bonitas e profissionais, e isso fez diferença nas vendas.”