Eldorado está à venda e estrangeiras saem na frente nas negociações

Com proposta de R$ 15 bilhões, grupo da Indonésia quer comprar Eldorado
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A companhia de celulose indonésia April entrou na disputa para comprar a Eldorado. Segundo informações divulgadas pelo Valor Econômico, a empresa estrangeira teria oferecido R$ 15,8 bilhões pela planta localizada em Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande.

Este seria o maior montante pela fábrica até o momento, superando os R$ 14 bilhões oferecidos pela chilena Arauco, que saiu na frente nas negociações e conseguiu contrato de exclusividade de 45 dias, que expirou na semana passada sem resultados efetivos.

Se fechasse a compra, a companhia latino-americana concretizaria os planos de investir no Brasil. A empresa, que segundo o Valor é uma das maiores do setor florestal do hemisfério sul, tentou comprar um terreno em Inocência, em Mato Grosso do Sul, em 2011 para erguer uma fábrica. Além disso, ela também é dona de 40 mil hectares de florestas plantadas na região.

Contudo, a proibição da compra de terras brasileiras por estrangeiros travou o processo. Entre 2013 e 2014, gestores da companhia se reuniram com o empresário Mário Celso Lopes, idealizador da Eldorado e ex-acionista da empresa, para avaliar a combinação de seus negócios, o que também não foi adiante.

A Fibria já demonstrou interesse em comprar a Eldorado, mas teria oferecido um valor abaixo do valor pretendido pelos irmãos Batista, donos da J&F que controla a planta de Três Lagoas. A empresa controlada pelo grupo Votorantim tentou, sem êxito, iniciar as negociações com a J&F, segundo o Valor Econômico. Assim como no caso dos chilenos, o preço seria o motivo de a compra não avançar.

Também demonstrou interesse na fábrica o grupo asiático APP. Até o momento as negociações caminham para contrariar o desejo do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Paulo Rabello de Castro, para que a Eldorado permaneça em mãos brasileiras.

Para ele, a população não ficaria contente com a desnacionalização do capital do país. Sua opinião pode ser compreendida ao notar que a BNDESPar, braço de participações do banco estatal, é uma das controladoras da Fibria e acionista da Suzano Papel e Celulose, as duas maiores produtoras mundiais de celulose de eucalipto.

Já o Governo de Mato Grosso do Sul posiciona-se a favor, e considera até mais saudável para o mercado, o controle estrangeiro da unidade de Três Lagoas.

A Eldorado pertence ao grupo J&F dos irmãos Wesley e Joesley Batista, beneficiados com acordos de delação premiada na operação Lava Jato.