Além dos R$ 29 milhões do MEC, valores de emendas parlamentares também estão suspensos.

Com menos R$ 80 milhões, UFMS tem risco de não pagar as contas no 2º semestre
Campus da UFMS em Campo Grande / Foto: Arquivo/Campo Grande News

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) acompanhou de longe, na quarta-feira (15), o primeiro teste das ruas brasileiras contra o governo. Milhares marcharam, em todos os estados do país, contra o bloqueio de recursos federais das universidades e institutos públicos. Se o bloqueio continuar, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) avisa que vai ter dificuldades para pagar as contas no 2º semestre.

A universidade sofreu o segundo maior corte entre as instituições de todo o país, conforme apontou reportagem da Folha de S. Paulo. Foram 52% dos recursos discricionários autorizados. Além dos R$ 29 milhões do MEC (Ministério da Educação), valores de emendas parlamentares também estão suspensos e totalizam corte de R$ 80 milhões para custeio da universidade.

A UFMS informou, por meio da assessoria de imprensa, que a partir do 2º semestre, todo o custeio da universidade será impactado, abrangendo compra de insumos, pagamentos de contas e contratos permanentes, além das atividades de pesquisa e extensão. A universidade ocupa a 18ª posição no ranking nacional de universidade mais empreendedoras do Brasil.

Um dos projetos, por exemplo, virou parceria com a Prefeitura de Campo Grande. O objetivo do convênio é melhorar a qualidade do asfalto da cidade. Pesquisadores do laboratório de transportes, ligado ao curso de Engenharia Civil, vão mapear a malha asfáltica, identificar quais reparos são precisos e estabelecer metodologia, equipamentos e materiais para cada área da cidade.

São 910 projetos de pesquisa em andamento e 23 mil alunos matriculados em 116 cursos de graduação e 61 de pós-graduação. Em meio ao universo de atividades e produção de conhecimento de ponta que ameaçam parar, professores e alunos prometem uma nova paralisação para o dia 14 de junho. Desta vez, o protesto nacional reúne todas as centrais sindicais.

Nesta quarta-feira (16), a UFMS promove uma audiência pública para tratar do tema. 

Sem água, sem luz - Presidente da Associação dos Docentes da UFMS, Marco Aurélio Stefanes também afirma que a partir de setembro, condições básicas, como água e luz, já não são mais garantidas. “Só do custeio isso já compromete todo o funcionamento. Nós temos recursos, e ontem o reitor anunciou isso, que o recurso só dá até agosto”, comentou.

“A partir de setembro já não da para garantir água, luz, telefone e todo o funcionamento, porque a segurança, a limpeza, são empresas contratadas, e esse recurso é para essas atividades, portanto a Universidade não tem condição de funcionar a partir de setembro se esse corte perdurar. [O sentimento] é de muita indignação, porque a UFMS expandiu sensivelmente seu número de alunos, melhorou a qualidade dos cursos e o que a gente observa é que o governo foi indiferente a isso e que simplesmente cortou, linearmente, recursos para todas as universidades”, disse.

No Congresso - Convocado para esclarecer o “contingenciamento” dos recursos na Câmara dos Deputados na tarde de quarta-feira (15), o ministro da educação Abraham Weintraub declarou que a suspensão de recursos vai continuar e que a prioridade do governo é o ensino básico. "Não estou querendo diminuir o ensino superior. Ao que a gente se propõe? Cumprir o plano de governo que foi apresentado. Prioridade é ensino básico, fundamental, técnico", disse.

Ele ainda admitiu ter recebido uma ligação do presidente Jair Bolsonaro – que pediu recuo – mas disse “ter convencido o presidente a manter os bloqueios de verba”.