Agetran determinou autuação e interdição de parte da frota devido à inspeção veicular vencida

Com inspeção vencida, 57 ônibus do Consórcio Guaicurus podem ser retirados das ruas de Campo Grande
Agetran determinou autuação e interdição de parte da frota devido à inspeção veicular vencida / Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax

Parte da frota do Consórcio Guaicurus pode sair temporariamente de circulação das ruas de Campo Grande após análise da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) encontrar irregularidades. A pasta identificou 57 ônibus com inspeção veicular vencida e determinou a autuação e interdição destes veículos. 

Os 57 ônibus representam 12.39% da frota de 460 veículos que atende a população de forma precária, como apontaram os usuários na audiência pública da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus. Contudo, o número de carros que circulam diariamente nas ruas chega a ser menor, de 417. O restante é usado como reserva nos terminais ou estão em manutenção.

Frota sucateada e superlotação: Consórcio Guaicurus tem apenas um ônibus para cada 7,6 mil passageiros
Vale lembrar que o Consórcio Guaicurus tem quase 100 ônibus vencidos ainda em circulação pela cidade. Em 21 de maio, a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) deu um prazo de 30 dias para que o grupo de empresas troque 98 veículos velhos que circulam com idade acima da média de concessão de cinco anos, e idade máxima de 10 anos para convencionais e 15 anos para articulados.

Dirigentes do Consórcio Guaicurus reconheceram na CPI que parte da frota está velha, mas não deram perspectiva ou prazo para a renovação. A última entrega de frota foi realizada em 2023. Na época, Campo Grande recebeu 71 veículos. Os representantes do grupo com contrato bilionário com a Capital também chegaram a admitir na CPI que o sucateamento da frota eleva os custos de operação.

57 veículos interditados

Superlotação, calorão, atrasos, goteiras, elevadores quebrados, “ônibus fantasmas” são algumas das queixas de quem é obrigado a pagar caro por um serviço sucateado. 

A interdição dos veículos foi adotada após inspeção da CPI realizada nas garagens encontrar divergências nas informações. O vereador Maicon Nogueira (PP) coordenou as visitas aos locais e identificou irregularidades na frota do grupo de empresas que explora o serviço de transporte em Campo Grande.

“Identifiquei durante as fiscalizações da CPI que muitos dos ônibus estavam com as datas de vistoria veicular muito próxima da data de vencimento e alguns deles já vencidos. Notifiquei a Agetran e a Agetran me confirmou 57 ônibus com a data vencida”, explicou o vereador ao Midiamax. 

A Agetran encaminhou informações atualizadas sobre a composição da frota de veículos do SMTC (Sistema Municipal de Transporte Público Coletivo). A pasta informou ao vereador que a quantidade de veículos com inspeção veicular vencida é variável devido a dinâmica operacional da frota, mas que até 1º de julho eram 57 veículos com inspeção veicular vencida.

Assim, a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) foi notificada pela Agetran para que tome as providências quanto à interdição junto ao Consórcio Guaicurus. 

Na avaliação do parlamentar, isso pode indicar o descumprimento das obrigações previstas no edital e no contrato de concessão.

Outro problema apontado por Nogueira é que a redução de ônibus aptos a circular devido às irregularidades diminui significantemente a frota já reduzida ao longo dos últimos anos.

“Todos foram notificados e interditados pela Agetran. Entendo que não estão rodando até a devida vistoria”, analisou o vereador. 

O Midiamax solicitou uma nota à Prefeitura de Campo Grande e ao Consórcio Guaicurus sobre o tema. Até a publicação desta matéria não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestações. 

Ônibus ‘fantasmas’
Ônibus do Consórcio Guaicurus pegou fogo na Avenida Guaicurus, em 23 de maio deste ano, e assustou usuários. (Reprodução)
Em menos de cinco meses, o Consórcio Guaicurus acumulou 1.726 infrações com o município. Auditor chefe da Auditoria da Agetran, Henrique de Matos Moraes, prestou depoimento na CPI e apontou os principais motivos de autuação das empresas: ônibus atrasados e ‘fantasmas’.

O auditor citou que foram 592 autos de infração por descumprimento do horário de viagem acima do limite de tolerância. Ou seja, de veículos atrasados — apontamentos diários da população que usa o transporte público em Campo Grande.

Além disso, foram 178 autos por omissão de chegada e 164 por omissão de saída. Essas infrações acontecem devido aos “ônibus fantasmas”.

“Quando não tem ônibus, quando não passa. Ele teria que chegar no terminal e não chega, teria que sair do terminal e não saí. Não compareceu no ponto de verificação. Quando ele chega atrasado é um tipo de tipificação, quando ele não chega é omissão”, explicou na CPI.

Ademais, o Consórcio levou 144 autos por omitir as viagens. “Omissão de viagem esse carro nem se movimentou, não existiu. Tem lá programado uma tabela e ela não saiu”.

Por fim, disse que a falta de veículos reserva gerou 110 infrações ao Consórcio em 2025. Todos os dados são do auditor chefe. Logo, o servidor disse que “o Consórcio que se defenda depois”.