Mato Grosso do Sul tem mais de 33 mil aposentados e pensionistas que atuaram como servidores do Estado

Com grupo reduzido, aposentados do Estado voltam a protestar contra desconto de 14%
Mato Grosso do Sul tem mais de 33 mil aposentados e pensionistas que atuaram como servidores do Estado / Foto: Protesto dos aposentados no Parque dos Poderes (Foto: Eliel Dias, Jornal Midiamax).

Servidores aposentados e pensionistas do Estado, beneficiários da Ageprev (Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul), realizaram ato na manhã desta terça-feira (16) no Parque dos Poderes pedindo renegociação dos 14% de desconto que incide sobre aposentadorias e pensões.

O ato reuniu cerca de 20 idosos na rotatória da Avenida do Poeta com a Rua Dr. Abdalla Duailibi com faixas e cartazes para chamar a atenção da população e da administração estadual.

Segundo a organização, participaram aqueles em condições de se locomover e marcar presença, uma vez que vários membros do movimento possuem problemas de saúde. A mobilização do grupo começou em 2021 com cerca de 40 pessoas e hoje reúne cerca de mil voluntários que se organizam principalmente pela internet, além de atuar em reuniões com representantes de classe e políticos.

No ato desta terça, servidores aposentados do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), Alems (Assembleia Legislativa de MS), SED (Secretaria de Estado de Educação), SES (Secretaria de Estado de Saúde), entre outras secretarias.

Atualmente, MS tem mais de 33 mil aposentados e pensionistas que atuaram como servidores do Estado.  

Pedido
“Nosso grupo continua reivindicando a redução ou a revogação dos 14%, um imposto que a gente paga apesar de aposentados. E é muito pesado esse índice de 14%. A gente paga imposto de renda, paga o MSPREV, paga plano de saúde, então é muito pesado”, desabafa Ione Rojas, aposentada do TJMS.

Protesto dos aposentados no Parque dos Poderes , em Campo Grande (Foto: Eliel Dias, Jornal Midiamax).
A pedagoga Irede Terezinha, de 79 anos, que foi servidora da Educação, conta que a porcentagem que incide sobre as aposentadorias pesam sobre a saúde dos idosos.

Irede atuou na Secretaria Estadual de Educação até se aposentar (Foto: Eliel Dias, Jornal Midiamax).
“Eu acho uma injustiça muito grande. O meu intuito de estar participando do grupo, inclusive, é mais pelos colegas da parte administrativa da Educação. Temos aqui o colega Artêmio, que era colega da Educação e que recebe cerca de dois salários e meio. Com esse desconto terrível, não tem condição de tomar uma medicação necessária, fazer uma boa alimentação também, a saúde dele está muito prejudicada”, relata Irede.

“Tem muitos que faziam parte do governo do Mato Grosso e, passando para o Mato Grosso Sul, contribuíram por 40 anos, aposentaram e estão sofrendo essa situação. Então é uma injustiça que só pode ser corrigida pela boa vontade do governo. A gente ainda tem, eu, por exemplo, ainda tenho esperança, né? Não deixo morrer a esperança de que ele vai acabar nos ajudando, atendendo as nossas reivindicações”, completa a pedagoga.

Tentativas de mudança
O coordenador do movimento, Dionízio Gomes, servidor aposentado do Poder Judiciário, explica que, desde que o grupo se uniu para tratar desse agenda, várias reuniões com deputados e com o governador já aconteceram, no entanto, nenhuma decisão efetiva foi tomada.

“No primeiro semestre, toda semana, estivemos na governadoria para tentar fazer com que o governo nos colocasse na lista de despesas, como ele possa entender, porque o governador já falou para nós em reunião que, se ele abrir mão dessa receita, o Estado quebra. Então isso é uma palavra muito pesada, mas foi a palavra do governador”, detalha Dionízio.

Coordenador do movimento, Dionízio Gomes (Foto: Eliel Dias, Jornal Midiamax)
“Por outro lado, nós sabemos que o governo do Estado fez uma isenção tributária a várias grandes empresas na ordem de R$ 20 bilhões em quatro anos. Então nós temos de um lado ele tirando de pessoas que mais precisam e dando para grandes empresas que estão aqui se instalando no Estado”, completa o coordenador.

Dionízio pontua que os descontos geram grande pressão sobre a renda e, principalmente, sobre a qualidade de vida dos aposentados.

“O impacto é direto na vida das pessoas, porque nós temos um problema muito sério: o tempo conspira contra as pessoas idosas. Nós somos idosos, temos aqui pessoas com 70, 80, 82 anos. Pessoas que todo mundo sabe que, depois dos 60, a gente tem um gasto maior com medicação, com remédio, com cuidados da saúde. A alimentação tem que ser apropriada, remédios são necessários”, explica.

“Isso significa para muitas pessoas, sobretudo as que ganham menos, é uma retirada da ordem de R$ 300, R$ 400, R$ 700, que é justamente o dinheiro que a pessoa usaria para alimentar-se um pouquinho melhor e para comprar remédio”, finaliza.