Segundo levantamento, com apenas 10% dos resíduos produzidos em Campo Grande seria possível manter uma cidade como Coxim.
Se apenas 10% do lixo produzido pelos campo-grandenses fosse encaminhado a uma usina e transformado em energia, a cidade deixaria de lançar na atmosfera cerca de 400 mil toneladas de gás carbônico por mês.
O número resulta de um levantamento feito pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).
“Com a quantidade de material produzido em Campo Grande, a usina teria uma potência instalada de 22 MegaWatts, abastecendo residências e comércio em geral', afirma o presidente da Abren, Yuri Schmitike.
A nível de comparação, 20MW é equivalente ao consumo mensal de Coxim, segundo informações da Energisa, concessionária de energia de Mato Grosso do Sul, município do interior do Estado que tem tem 33.459 habitantes, acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme a Abren, a técnica é uma forma de mitigar os impactos da crise hídrica e da ação humana no clima, apontados como irreversíveis, porém com intensidade controlável, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado recentemente.
Schmitike explica que usinas que operam a partir de resíduos geram energia limpa e sustentável que vai desde eletricidade até o metano, que uma vez processado pode ser utilizado para abastecer carros movidos a gás.
Embora seja possível utilizar tanto recicláveis como resíduos sólidos nesse tipo de planta, para que a economia continue a circular é preciso manter a coleta seletiva e as cooperativas de catadores, e destinar à recuperação apenas o que seria jogado no aterro sanitário.
Schmitike afirma que os investimentos para implementação desse sistema, no caso da Capital, custariam em torno de R$ 800 milhões. Mas o custo mensal de manutenção é baixo, o que, segundo a associação, não resultaria em aumento para a população.
Segundo Schmitike, ainda que reduzidas em comparação ao sistema de aterramento, os maiores benefícios da recuperação energética são a diminuição dos impactos ambientais e o oferecimento de uma melhor qualidade de vida para as pessoas.
Estudo do IEA Bioenergy indica que cada tonelada de resíduos urbanos que deixam de ir para aterro e são enviados para centrais de remoção dos recicláveis, e o material restante utilizado para gerar energia, permite a redução de aproximadamente 2 toneladas de gases de efeito estufa.
“Nós estamos gastando mais de um milhão por ano na saúde pública. Dados da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA - em inglês) apontam que quem elimina os aterros tem gastos menores com saúde pública', pontua.
No Brasil, considerando um cenário que representa 58% de todo o lixo urbano gerado no Brasil (RSU), englobando as 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, somados aos municípios com mais de 200 mil habitantes, poderão ser demandados investimentos de R$ 78,3 bilhões.
Nesse cenário apresentado, é considerado o tratamento de 46 milhões de toneladas de RSU por ano, sendo destinado 62% para URE, 21% para CDR, 11% para biogás e 6% para reciclagem, sendo que somente 4% continuarão sendo destinados para aterros.
Com isso, seriam gerados 15 mil empregos diretos, e evitados 91 milhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde ao reflorestamento de uma área de 273 milhões de árvores plantadas por ano, área similar a 1,5 vezes a do Município de São Paulo.
VIABILIZAÇÃO
Porém, não basta o poder público local querer e implementar um sistema como esse.
No caso de Campo Grande, o sistema de coleta e destinação de resíduos sólicos é concessionado à Solurb.O contrato com a empresa foi assinado em 2012 e vale por 25 anos.
Nesse sentido, a construção e operação de uma usina dependeria de um aditivo no contrato ou da vontade da empresa em adotar o sistema por conta própria. A cidade tem um aterro localizado na região do Dom Antônio Barbosa, mas que já está com a capacidade esgotada.
Existem discussões em andamento para a escolha de uma nova área destinada aos resíduos sólidos na cidade. A intenção da empresa é utilizar uma área na saída para Sidrolândia, região conhecida por Gameleira.
O Correio do Estado entrou em contato com a Solurb via assessoria de impresa para saber se o reaproveitamento energético do lixo faz parte dos planos corporativos.
A empresa afirmou que não conhece a tecnologia e não foram contatados pela Abren, e portanto, não poderiam se posicionar sobre o projeto.
O uso de resíduos como fonte de energia já é uma realidade mundo afora, destaque na Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão, China e Coréia do Sul.











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