Nas ruas, condutores reclamam da falta de paciência e noção das regras de trânsito.

Com 469 mil motoristas, o que mais falta é respeito no trânsito de Campo Grande

O Dia do Motorista é celebrado neste domingo (25) e o que não faltam são reclamações dos condutores sobre o trânsito em Campo Grande. As queixas envolvem mais o comportamento dos motoristas do que a organização do trânsito em si. Com 469 mil condutores na Capital, os condutores reforçam que o que falta mesmo é respeito, educação e paciência. 

Victor Bonizeta é motorista de aplicativo e afirma que o respeito não existe entre os condutores na Capital. “Respeito é uma lenda por aqui”, diz. O motorista também comenta que são muitos veículos na Capital e que a estrutura da cidade não comporta o trânsito. Para ele, novas vias de acesso às avenidas devem ser criadas, para liberar o tráfego. 

A contadora Daniela dos Santos, de 44 anos, também ressalta que falta respeito entre os motoristas. Ela explica que os motoristas em geral não têm conhecimento das normas de trânsito. O desrespeito fica ainda mais latente diante do machismo nas ruas. 

“Quando você dirige cumprindo as normas de trânsito, as pessoas acham que você dirige mal. Para mulheres, é pior ainda [o desrespeito]”, conta. Além da falta de respeito, Daniela também diz que é preciso melhorar a sinalização e a organização no trânsito de Campo Grande. 

Uma motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar, também citou o machismo no trânsito como um problema. Ela comenta que muitos xingam ou buzinam no trânsito, principalmente quando percebem que a condutora é mulher. 

O entregador Luan Herculano, de 32 anos, opina que a falta de sinalização nos bairros dificulta o trânsito na Capital. “A questão da sinalização pega bastante nos bairros. Eu, que sou entregador, quando chego nos bairros que não conheço, não sei se a via é preferencial, se posso virar ou não. Isso causa acidentes”.

O nítido descontentamento não é diferente para aqueles que utilizam as vias não apenas para se deslocar, mas também como ‘escritório de trabalho’. Motoristas de aplicativo contam que lidar com desrespeito está entre as principais dificuldades enfrentadas no dia a dia.

Conforme o presidente da Aplic (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do Sul), Paulo Pinheiro, o desrespeito não é somente em relação aos xingamentos, mas sim às próprias normas de trânsito.

“Os motoristas dirigem pela cidade sem tomar as devidas precauções, sem respeitar as leis de trânsito, temos constatado que muitos não usam as setas como deveriam ser usadas, passam de uma faixa para outra sem sinalizar, passam nos semáforos com sinal vermelho, isso faz com que Campo Grande seja uma capital com muitos acidentes diários, e nossos profissionais sofrem com isso”, comenta o presidente da associação.

1,2 milhão de condutores em MS
Além dos problemas no trânsito, os motoristas ainda têm que lidar com mais uma questão: o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). A alíquota do imposto para os carros de passeio é de 3,5% em Mato Grosso do Sul, uma das mais altas do país.

Dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) apontam que o Estado tem 1,2 milhão de condutores ativos: 469,6 mil em Campo Grande e 820,4 mil no interior.