Carro a 248 km/h é registrado por radar
Radar fotgráfico que registrou veículo na Marginal Tietê. / Foto: Marcelo Brandt/G1

Em uma noite de março, um carro quebrou um recorde no trânsito de São Paulo. O automóvel passou a 248 km/h por um radar na Marginal Tietê, a maior velocidade já registrada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) na cidade. O dado foi obtido pelo G1 via Lei de Acesso à Informação.

O veículo seguia pela pista expressa, sentido Castello Branco, e foi flagrado pelo aparelho depois de passar pela Ponte da Casa Verde, na Zona Norte. A velocidade elevada, associada à falta de iluminação, deixou a fotografia ilegível, segundo a CET. Não foi possível registrar nem a placa, nem o modelo do veículo, e a multa não pôde ser aplicada.

De acordo a companhia, os novos radares, como o que fotografou o carro mais veloz, são capazes de identificar veículos a até 250 km/h, mas a luminosidade e as condições do tempo, como chuva e neblina, influenciam na qualidade da foto.

A velocidade do motorista anônimo é quase três vezes o limite permitido na pista expressa das marginais, de 90 km/h. Nessa toada, daria para percorrer os 23,5 km da Marginal Tietê em menos de 6 minutos. Na velocidade máxima da via, esse tempo subiria para mais de 15 minutos.

Alegando um aumento na segurança, a CET irá reduzir a velocidade nas Marginais Pinheiros e Tietê a partir de 20 de julho. Na pista expressa, a máxima vai cair de 90 km/h para 70 km/h. Na pista central, o limite vai de 70 km/h para 60 km/h, e na local, de 70 km/h para 50 km/h.

Se fosse autuado, esse condutor seria enquadrado no Artigo 218 do Código de Trânsito Brasileiro, que pune quem trafega a mais de 50% acima da velocidade máxima autorizada. A infração é considerada gravíssima, com multa de R$ 574,62 e suspensão do direito de dirigir por um prazo que varia de dois a 16 meses, de acordo com as outras infrações já cometidas pelo motorista (ver tabela ao lado).

Em todo ano passado, foram emitidas 15.882 multas do tipo na capital segundo dados fornecidos pela CET via Lei de Acesso. O número não representa nem 1% do total de multas de 2014 (10,6 milhões) e se manteve próximo do verificado em 2013: 15.736 casos.

No entanto, o total de multas do gênero até abril de 2015, balanço mais recente fornecido pela CET, já chegou a 9.095, mais da metade (57%) do total do ano passado.

A média de autuações por dia contra os acelerados nos primeiros quatro meses de 2015 foi 74% maior que a média de 2015 como um todo. Foram 75,8 multas por dia neste ano, contra 43,5 por dia no ano passado.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE TRÂNSITO

-Trafegar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 50% acima da velocidade máxima permitidade é infração gravíssima

- Multa: R$ 574,62 e suspensão do direito de dirigir.

- Prazo da suspensão: de 2 a 7 meses para infratores que não foram suspensos nos 12 meses anteriores. E de 8 a 16 meses para infratores reicidentes no período de 12 meses anteriores.

- Infrações anteriores são levadas em conta pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para determinar prazo de suspensão

A Marginal Tietê foi a via com mais mortes em acidentes de trânsito na capital em 2014, com  40 casos. A informação foi divulgada em abril pela Secretaria Municipal de Transportes.

A Marginal Pinheiros vem logo em seguida, com 33 mortes. Foi na via que um Camaro, veículo esportivo, ficou completamente destruído após perder o controle e bater nas árvores no canteiro central, no dia 12 de maio. O passageiro morreu.

O número de acidentes de trânsito com mortos na cidade de São Paulo voltou a subir depois de seis anos consecutivos de queda, segundo dados divulgados em abril pela Secretaria Municipal de Transportes.

Foram 1.114 ocorrências em 2013 contra 1.195 em 2014, uma alta de 7,2%. O número também é superior ao patamar de 2012, quando ocorreram 1.188 casos.

Quando anunciou a redução da velocidade nas marginais, o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, disse que a redução é para evitar mortes. “É uma questão de salvar vidas. E, para salvar vidas e trazer segurança das pessoas na cidade de São Paulo, não é uma questão de convencimento, é uma questão da dignidade da vida das pessoas."