Com o preço da proteína nas alturas, açougues e supermercados estão inovando na estratégia para manter as vendas, que vão desde pé de galinha até anúncio do valor do meio quilo.

Apesar do embargo imposto pela China há dois meses, o preço da carne bovina teve alta pelo 8º mês consecutivo e acumula aumento de 29,95% nos últimos 12 meses, de acordo com pesquisa do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Com o preço da proteína nas alturas, açougues e supermercados estão inovando na estratégia para manter as vendas, que vão desde pé de galinha até anúncio do valor do meio quilo.
Em alguns estabelecimentos, como a rede de atacarejo Fort Atacadista, a picanha passou a ser exposta nas gôndolas com proteção antifurto, mesmo mecanismo usado há décadas pelas lojas de roupas. A demanda também impulsionou o preço da carne de frango e ovos, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Desde o dia 4 de setembro deste ano, a China suspendeu a compra de carne bovina brasileira por causa do registro de casos da doença da vaca louca em Minas Gerais e no Mato Grosso. O gigante asiático manteve o embargo, mesmo com o Ministério da Agricultura e Pecuária informando que não há mais perigo.
As exportações de carne brasileira tiveram queda de 43% em outubro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, conforme o setor de frigoríficos. O embargo causou queda de 17% no preço da arroba do boi gordo, que caiu de R$ 315 para R$ 256.
Só que esta queda não foi repassada ao consumidor. De acordo com o DIEESE, o preço médio da carne bovina subiu neste mês, acumulando a 8ª alta consecutiva no ano. “Já são oito meses consecutivos de alta, com a variação 2ª maior variação registrada em setembro, quando começou o embargo à carne', explicou a economista Andréia Ferreira, supervisora do DIEESE em Mato Grosso do Sul.
O valor médio do quilo da carne teve aumento de 29,95% em 12 meses, passando de R$ 30,99, em outubro de 2020, para R$ 40,27 no mês passado. “Observamos mais promoções durante a coleta, mas os preços ainda estão em patamares elevados, e vão permanecer assim por um bom tempo', ressaltou.
“Não tem carne barata', lamentou. “E o embargo não baixou os preços internamente, apesar da disponibilidade', afirmou. Andréia explicou que os preços continuam altos ao consumidor por causa de uma medida da ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, que ampliou o tempo de congelamento da carne bovina destinada à exportação.
Graças à decisão da sul-mato-grossense, os frigoríficos não precisaram desovar os estoques no mercado interno e mantiveram os preços em patamares elevados, porque aguardam a volta da China ao mercado.
Opção à carne bovina, o ovo e o frango tiveram ficaram mais caros. De acordo com o IBGE, o frango inteiro acumula aumento de 28,89% em 12 meses, enquanto os pedaços tiveram correção de 29,24%. O preço da dúzia de ovos subiu 17,18%.
Os supermercados e açougues passaram a adotar novas estratégias para manter as vendas. Até o Extra do Jardim dos Estados passou a exibir pé de frango, onde o quilo estava cotado a R$ 7,87. Outros estabelecimentos passaram a anunciar o valor de meio quilo de carne, uma forma de minimizar o espanto do consumidor com o quilo do produto.
Já outros passaram a tratar a carne como algo de valor e instalaram equipamentos antifurto. Os estabelecimentos do Fort Atacadista dos bairros Jacy e Parati instalaram o dispositivo na picanha, que pode ser encontrada a R$ 65 o quilo. Em anos anteriores, apenas produtos de valor, como roupas, eram colocadas nas gôndolas com mecanismo para dificultar o furto.
Com a chegada das festas de fim de ano, Andréia Ferreira acredita que o preço da carne bovina deve continuar subindo para o consumidor.
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