Carmen Steffens e sapateiros cobram assembleia sindical para evitar cortes
Aviso prévio começou a ser entregue aos funcionários da Carmen Steffens, em Franca, na semana passada / Foto: Reprodução/EPTV

A retomada no acordo para evitar demissões na empresa de sapatos Carmen Steffens foi adiada pelo Sindicato dos Sapateiros de Franca (SP) para esta quarta-feira (10). As negociações seriam reabertas na segunda-feira (8) e representantes da grife e os funcionários da fábrica cobram uma assembleia para validar a proposta que interromperia os cortes.

Segundo o sindicato, uma assembleia será convocada somente após a nova reunião com a empresa.

Os empregados são contrários à decisão do sindicato, que não aceitou proposta feita pela Carmen Steffens para evitar os cortes. A empresa se propôs a reduzir a jornada de trabalho e cortar os salários. O impasse foi alvo de um protesto com cerca de 400 pessoas na semana passada, em frente à sede do sindicato.

Com a indefinição, 44 funcionários receberam carta de aviso prévio, comunicando sobre a demissão, até esta terça-feira (9). Ao todo, 127 pessoas serão desligadas da empresa, segundo o departamento jurídico.
 

Diálogo
Na segunda-feira, a empresa foi comunicada sobre o interesse do sindicato da categoria em retomar as negociações, o que deve ocorrer no início da noite de quarta-feira. Segundo o departamento jurídico, a Carmen Steffens está disposta ao diálogo, mas não tem nova proposta para apresentar.

"Nós apresentamos três propostas diferentes, o Ministério do Trabalho apresentou outras duas diferentes. Ou seja, tiveram cinco propostas diferentes e com nenhuma delas eles concordaram e também não apresentaram nenhuma proposta", disse o advogado responsável pela empresa Juliano Brunelli.

A grife também cobra que o sindicato faça uma votação para ratificar a vontade dos funcionários em aceitar o plano de redução de jornada e salários. "Ficaram de colocar em votação e não colocaram, porque não querem ficar encurralados, por isso não colocam em votação", afirmou.

De acordo com a sapateira Fernanda Carvalho de Paula, os funcionários estão revoltados com o impasse e afirmam que a opinião deles não está sendo ouvida pelo sindicato. "Estamos muito revoltados, eles [sindicato] não quiseram escutar a gente. A gente pediu a votação secreta e não querem fazer", comentou.

Segundo o advogado da Carmen Steffens, em levantamento interno realizado pela empresa, 90% dos funcionários concordaram com a proposta.
Funcionários da Carmen Steffens não concordaram com decisão do sindicato de

Sindicato
Ao G1, o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Franca informou que busca uma alternativa ao plano de redução de jornada e de salários. "Queremos sentar com a empresa e discutir e formular uma alternativa juntos", disse Sebastião Ronaldo Oliveira.

Ainda de acordo com o sindicalista, a assembleia com os trabalhadores será convocada somente depois da reunião com a empresa. "Enquanto não for feita a discussão com a empresa, não tenho nada a apresentar aos trabalhadores", afirmou.

Proposta
No dia 20 de julho, a direção da empresa apresentou ao Sindicato dos Sapateiros uma proposta em que os funcionários trabalhariam de segunda a quinta-feira e teriam quatro sextas-feiras descontadas dos salários.

Segundo a direção da empresa aos funcionários, esse plano de redução daria estabilidade no emprego até março do próximo ano.

O plano foi discutido com o sindicato em três oportunidades, em 14 de julho, 20 de julho e 3 de agosto. Na terceira reunião, na presença de um representante do Ministério Público do Trabalho, a empresa concordou em aumentar a estabilidade dos funcionários para março de 2017.

A empresa informou que que há um ano enfrenta queda na produção, com redução de 30% dos pedidos de produtos. Além disso, a empresa acumula 30% de produção ociosa e também mão-de-obra parada.