Dados desmentem declaração de candidato à presidência da Bolívia, que criticou o tráfico na fronteira com o Brasil

Uma declaração de um candidato à presidência da Bolívia surpreendeu o Brasil e, consequentemente, Mato Grosso do Sul. Jorge Quiroga, que disputa o segundo turno do pleito, disse que a Bolívia exporta mais cocaína que gás natural.
Mas os dados desmentem a declaração do político. Comparando as importações com as apreensões no Estado, o volume do comércio com a Bolívia é 4.112% maior que os cerca de R$ 150 milhões de cocaína apreendidas em 2024.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada na última quarta-feira (20), Quiroga disse que “é fato que estamos exportando mais cocaína por meio do Brasil do que gás”, quando questionado sobre o tráfico entre os dois países. Ele defendeu um acordo com a PF (Polícia Federal) em que a corporação brasileira tenha bases na Bolívia para reforçar o combate a esse crime.
Dados da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) apontam que, apenas em 2024, Mato Grosso do Sul importou US$ 1,1 bilhão em gás natural. Considerando a cotação média do dólar de R$ 5,468, o total em reais é de R$ 6,5 bilhões.
Esses dados constam na Carta de Conjuntura do Setor Externo, boletim mensal da pasta feito pela Assessoria Especial Economia e Estatística com dados do MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
De acordo com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), foram apreendidas 6 toneladas de cocaína no ano passado. Levando em conta o valor médio de R$ 25 mil por quilo da droga, o total aprendido é avaliado em R$ 150,6 milhões. O levantamento foi disponibilizado ao Jornal Midiamax pela secretaria.
Os dados de importação e de apreensões não podem ser comparados em 2025. A última Carta de Conjuntura do Setor Externo publicada, em julho, engloba apenas o período de janeiro a maio, enquanto o relatório da Sejusp vai de janeiro a julho.
De janeiro a maio, o Estado importou R$ 2,4 bilhões em gás natural. Já de janeiro a julho, foram apreendidos R$ 121,9 milhões em cocaína.
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