Advogado alega que Rafael de Souza Carrelo, de 19 anos, foi inconsequente, mas não tinha intenção de matar.

 “Brincadeira infeliz”, diz defesa ao pedir liberdade a jovem que matou namorada

A defesa de Rafael de Souza Carrelo, de 19 anos, que está preso por matar atropelada a namorada Mariana Vitória Vieira Lima, da mesma idade, classifica o ocorrido como “brincadeira infeliz”. O advogado Marlon Ricardo Lima Chaves assina o pedido de liberdade do cliente, protocolado às 17h30 deste domingo (16), apurou o Campo Grande News, uma vez que o auto de prisão em flagrante passou a tramitar em sigilo.

Rafael foi preso na manhã de sábado (15), logo após o acidente. Ele responde por dirigir embriagado – passou por teste do bafômetro que apontou 0,89 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões – e será investigado por feminicídio. A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) vai apurar se houve intenção de matar ou dolo eventual (quando o autor assume o risco de provocar a morte de alguém).

No habeas corpus, a defesa argumenta que apesar da “mídia” ter noticiado que Mariana estava no capô do Toyota Etios conduzido por Rafael para tentar impedir o namorado de dirigir, em nenhum dos registros oficiais consta a informação. A morte da jovem foi “consequência de uma infeliz brincadeira onde casal de namorados trocava de posição”, alega o advogado.

Para a defesa, Rafael foi inconsequente, mas é réu primário, tem endereço e trabalho fixos e por isso, tem o direito de ser investigado e depois, responder a processo em liberdade. O rapaz já foi preso por dirigir embriagado, mas quando era adolescente e a passagem pela polícia foi extinta com a maioridade.

Para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o jovem deve permanecer preso "pela garantia da ordem pública".
 
 
Divulgação
Versões – A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) só foi acionada porque havia suspeita de que o rapaz havia cometido feminicídio.

Segundo a delegada Joilce Silveira Ramos, o jovem deu duas versões sobre o que causou a morte de Mariana. A primeira, ainda no local do acidente, disse que ela estava dirigindo e em certo momento trocaram o volante. Então, quando ele quis dirigir, ela subiu no capô para tentar impedi-lo.

Só depois, na delegacia, ele afirmou que ser tratava de uma “brincadeira”. Primeiro, ela pegou a direção e ele se deitou no capô do carro. Depois, ele assumiu a condução e ela ficou agarrada para o lado de fora, até o motorista perder o controle do veículo e atropelá-la.

A Deam vai apurar se houve intenção de matar ou dolo eventual (quando o autor assume o risco de provocar a morte de alguém).

Vídeos - A delegada afirma que a equipe montada para a investigação vai analisar imagens de cerca de 10 câmeras que registraram o carro antes do acidente. O objetivo é verificar se Rafael disse a verdade no depoimento.

As imagens extraídas do circuito de segurança de farmácia localizada no cruzamento da Afonso Pena com a Rua Espírito Santo mostram o Etios com uma pessoa dependurada. O acidente que matou Mariana Vitória aconteceu mais a frente, na Avenida Arquiteto Ruben Gil de Camilo, que liga a Afonso Pena à Via Parque.

O trajeto entre os dois pontos onde há filmagens é de 1,5 km. Ainda não é possível saber ao certo quem é a pessoa agarrada dependurada no capô na hora que o carro passa pela farmácia, mas se for Mariana Vitória é possível afirmar que a jovem passou pelo menos 3 minutos em cima do carro até o namorado perder o controle da direção, bater em meio-fio, atropelar e matar a vítima.

O segundo vídeo, ao qual o Campo Grande News teve acesso na manhã desta segunda-feira (17), não mostra o momento exato do acidente, porque árvores tapam a visão no ponto para onde a câmera está direcionada, mas o que ocorre logo em seguida. Nos segundos após o atropelamento é possível ver Rafael Carrelo para o carro e corre em direção à namorada, caída poucos metros antes.