Brasileiros encaram 2 horas de fila para visitar veleiro de Portugal no Rio
Fila para visitação à Casa de Portugal, instalada em navio histórico que está ancorado no Rio / Foto: Flávia Mantovani/G1

Todo dia uma longuíssima fila se forma no Boulevard Olímpico, no centro do Rio. São turistas que querem visitar o Sagres III, veleiro português que ancorou no Rio e que abriga a Casa de Portugal durante a Olimpíada.

Sob o forte sol, famílias de brasileiros com crianças e idosos passam mais de duas horas aguardando em pé, sem água nem comida, para chegar até a embarcação. Na terça-feira (16), dia da visita do G1, houve confusão e quase saiu briga quando pessoas da fila prioritária se adiantaram e passaram na frente.

Uma vez na embarcação, o engarrafamento de gente obrigava a pegar fila para comprar comida, tirar foto ou simplesmente caminhar.

A visita consiste em passear no meio das instalações do veleiro - mas sem entrar nos bastidores. Lá dentro são vendidos pastéis de nata a R$ 6 e garrafas de vinho a R$ 60 ou R$ 80.

Muita gente se decepcionou e achou que não valeu o sacrifício. "A vista é linda, mas duas horas para chegar aqui é demais", diz a visitante Ana Maria Basílio.

Acompanhada de duas crianças, de 11 e 9 anos, Regina Cabral só conseguiu entrar no barco na quinta tentativa. "No primeiro dia que vim estava fechada. Nos outros a fila estava tão grande que já tinha fechado e não deixaram entrar mais ninguém", conta.

As crianças curtiram o passeio, mas Regina ficou decepcionada com o que viu. "Achei meio programa de índio", diz a descendente de portugueses com o mesmo sobrenome do descobridor do Brasil.

O casal Andrea Maia e Thiago Ribeiro também reclamou e disse que gostou mais da Casa do Brasil, que fica em terra, ali perto. "Lá tem mais atrações e ao menos tem ar condicionado. Aqui é legal porque é um barco histórico, mas achamos pouca coisa para muita fila", avaliam.

A visitação fica aberta até as 17h, mas na terça por volta das 14h30 o acesso já havia sido fechado por causa da lotação de gente.

Diante dos turistas decepcionados por não poderem entrar, um visitante que acabara de sair do navio avisa: “Não fiquem tristes, não. Lá não tem nada para ver”. É Sávio Vieira Torres, que enfrentou a fila com a mulher e a filha. “Lá só tem uma escada perigosíssima, você desce e come uma empada e pronto. Deu até vontade de apagar o sobrenome”, brinca o bisneto de portugueses.

Navio histórico
Construído em 1937, o navio escola Sagres ficou um tempo com a Marinha do Brasil, quando foi batizado de Guanabara, e ganhou o nome atual após voltar para o domínio de Portugal.

A embarcação de preparação e treinamento de cadetes da Marinha Portuguesa tem velas que estampam a cruz da Ordem de Cristo, também usada nas naus da época do Descobrimento.

Antes de chegar ao Rio, o navio parou em Cabo Verde, no Recife e em Salvador.