Brasileiros choram com goleada e belga se comove: Peço desculpas
Brasil tem duas derrotas até aqui. Na estreia, perdeu para a Espanha por 7 a 0 / Foto: Elvira Urquijo A./EFE

O apito final do árbitro na goleada da Bélgica sobre o Brasil por 12 a 0, neste domingo, representou mais do que somente a dor de uma derrota. Vários jogadores brasileiros do hóquei sobre grama masculino caíram no choro com o placar elástico e por saberem que são inferiores tanto tecnicamente quanto fisicamente. O time foi até onde deu segundo os próprios. Consolados pelos belgas, os atletas demoraram para se recompor daquilo que estavam vivendo - um misto de tristeza, orgulho e desabafo. A torcida deu um show à parte com gritos de apoio e incentivo que encheu o ego dos atletas em um momento complicado para qualquer profissional.

- É difícil, pois treinamos muito para estar aqui. Foram quase dois anos e todos queriam jogar melhor, mas não dá. Estamos orgulhosos e muito contentes com o apoio da torcida. Só temos que agradecer. Ninguém imaginava um tempo atrás que o Brasil estaria em uma Olimpíada com o hóquei. Antes era só um sonho. É complicado dizer algo, pois estamos juntos há um bom tempo, em concentração, em viagens. Nos doando ao máximo e todos querem muito mais – disse ainda com lágrimas nos olhos, Yuri Van der Heidjen, holandês de nascimento e com mãe brasileira.

Ciente da superioridade que tinha em relação ao Brasil, a Bélgica decidiu utilizar o respeito ao adversário como principal estratégia para jogar com naturalidade. E foi exatamente assim, dando o seu melhor, que a equipe europeia construiu o placar diante dos anfitriões.

Assim que acabou a partida com uma diferença incrível no placar, coube aos favoritos o papel de ombro amigo aos adversários. O choro dos brasileiros tocou os belgas de tal forma que Cedric Charlier fez questão de se desculpar pelo resultado final com inteira sinceridade.  

- Pedimos desculpas. Mostra o orgulho com o qual eles representam a pátria deles. O resultado mostra o respeito que tivemos por eles. Jogamos com muita seriedade. Estamos em busca dos nosso objetivos.   

Apesar de não admitir a certeza que tinha do triunfo acachapante, o camisa 10 dos Diabos Vermelhos e autor de um gol no duelo, contou que a rotina de preparação para a partida não se alterou diante de um oponente claramente mais fraco. Pelo contrário. A responsabilidade de vencer deixou os belgas ainda mais ligados. Azar dos brasileiros. 

- Estudamos muito o time deles. Vimos o vídeo do jogo contra a Espanha. Sabíamos que eles iam jogar com o coração. Eles se portaram muito bem no primeiro tempo e conseguimos encontrar mais espaços no segundo tempo, fazendo melhor o nosso jogo.  

Um dos líderes do Brasil, Bruno Mendonça, buscou valorizar a participação da modalidade em Jogos Olímpicos. O país está sendo representado pela primeira vez depois de conquistar o quarto lugar no Pan Toronto 2015.  

- O que queremos é mostrar que o Brasil tem hóquei. É notória nossa inexperiência e diferença técnica. Para nós têm sito uma experiência incrível. As seleções são superiores e sabemos disso. O placar mostra deficiência, mas a torcida pode esperar que não vamos parar de correr, de jogar, de mostrar que podemos evoluir. O jogo pode estar 1 a 0 ou 10 a 0 que vamos manter o mesmo espírito - disse o atleta, também com lágrimas nos olhos.

- A Bélgica mostrou respeito, não fez firula. O Brasil é o patinho feio, chegamos nos Jogos por méritos, mas estamos abaixo. O choro é um misto de emoção, alegria e um pouco de alívio. Sabemos da nossa limitação. Mas vamos passo a passo, trabalhar forte. A torcida tem sido maravilhosa e temos que tentar retribuir com o nosso melhor.

O Brasil volta a campo na terça-feira, contra a Grã-Bretanha, às 18h. O país está no grupo A com Bélgica, Reino Unido, Nova Zelândia, Espanha e Austrália. Os quatro primeiros colocados passam para as quartas de final e enfrentam os times do outro grupo composto por Holanda, Alemanha, Argentina, Índia, Irlanda e Canadá.