Dias com maior movimento são às quartas-feiras, quando tem futebol na TV



As equipes do Jornal Midiamax estão percorrendo a região do Guanandi, em Campo Grande, para realizar a 4ª edição do “Programa Fala Povo nos Bairros”, que será exibido no sábado (27/09), no Supermercado Nunes. O programa vai ao ar a partir das 11h, no Canal 4 da Net (Canal Midiamax) e no Facebook do Jornal Midiamax, quando o público presente e os internautas concorrem a Pix, entre outras premiações, durante a transmissão.

Nossos jornalistas abordam diferentes temas, como curiosidades, personalidades, quem trabalha com estética, os salões de beleza, comércio em geral; e, novamente, também fomos conhecer um pouco da história de alguns bares que agitam o cenário nas imediações durante o dia e, principalmente, à noite.

A primeira parada foi literalmente no Parada Obrigatória, bar que fica na principal Rua do Guanandi, a Barra Mansa. O movimento maior se inicia a partir das 17h, quando o pessoal começa a sair do trabalho e dá aquela ‘parada obrigatória’ pra tomar uma gelada, jogar bilhar e trocar aquela velha resenha.


 

“Também temos uma TV e às quartas-feiras, quando tem jogo, tem mais cliente ainda”, disse Edvaldo Santos, conhecido como ‘Careca’, apesar de ter mais cabelo que o repórter que assina esta matéria (eu, rs). Ali tem até um esquema na área para não terminar em penalidade, ou melhor, em B.O.! “Se coincidir, por caso, de ter mais de um jogo dos torcedores no mesmo horário, fazemos uma espécie de votação. Aí, a gente assiste aquela partida com maior torcida.”


Edvaldo Santos (Careca), proprietário do Parada Obrigatória.
Coleção de mesas e cadeiras a perder de vista. E, com o calorão que geralmente faz em Campo Grande, para refrescar e matar a sede do pessoal, haja cerveja ‘trincando’, hein. São cerca de 130 engradados e freezers abastecidos a toda hora. Também tem muita pinga, lógico. “Temos as ‘cachaças da casa, aquelas especiais, com raízes que o pessoal gosta muito”, lembrou Edvaldo.

O ‘Careca’ comanda o bar com a esposa, Sandra, há 15 anos. Local famoso, de tradição da família, pois a mãe Maria de Lurdes foi responsável pelo estabelecimento durante 20 anos. Mas ela faleceu há 4 meses e ele continua ali, atendendo a clientela e tirando o sustento da família. “Estamos por aqui, continuamos trabalhando com o bar, fazendo o que ela gostava e o que a gente também gosta, atendendo o pessoal e assim vamos indo bem”.

Aos domingos, tem espetinho, caldo ou peixe, aí fica melhor ainda, não é dona Maria? “Vixi, fica bem melhor sim! Bom pra tomar uma gelada ou várias [ela dá aquela gargalhada e continua]. Bom pra reunir os amigos e amigas, conversar, fofocar também, claro”, brincou Maria Rocha Oliveira.

A aposentada mora no Guanandi desde 1967, é uma das frequentadoras mais antigas do bar, inclusive, era muito amiga da Dona Lurdinha. “Conhecia bem a Lurdinha, gostava bastante dela, a gente era muito amiga, mas continuo vindo sempre aqui. Bom pra tomar uma cervejinha com os amigos, durante a semana e, principalmente, aos domingos com som ao vivo, ótimo pra comer um peixinho também”, ressaltou a aposentada.

Bar e conveniência de um baiano ‘vascaíno’
Nossa outra parada foi num bar e também conveniência: Do Nito, que fica na Rua Ângelo Serenza. Logo na fachada, a gente já nota, também no copo, na garrafa do tereré e até no relógio: o símbolo do Vasco da Gama.

Pergunto a ele por que um baiano, que mudou para Mato Grosso do Sul, é torcedor fanático do time do Rio de Janeiro. “Porque é de família, meus pais, irmãos, primos, todos são vascaínos e eu comecei a torcer desde pequeno. É paixão, mesmo, tá no sangue”, afirmou Elenilto Santos, o ‘Nito’, dono do estabelecimento.

Aos 17 anos, ele se mudou da Bahia para Campo Grande, onde trabalhou por mais de 20 anos como pedreiro e, há quase 19, resolveu empreender tocando o local. “Eu comandava um time de futebol, o América, tinha muitas amizades. Como eu conhecia muita gente, comecei com a ideia de abrir o bar pra funcionar de sexta-feira a domingo. Mas deu tão certo que tenho que funcionar durante a semana.”


A única folga é na segunda-feira. Já o movimento nos demais dias é mais intenso também após as 17h, praticamente o mesmo esquema da nossa primeira parada. Tem pinga também, no entanto, o que mais vende são as cervejas. Há, ainda, salgadinhos, petiscos, carvão, gelo e vários outros produtos comuns em conveniências, tornando a vida de muita gente ‘conveniente’ por ali.

Também na quarta-feira, o vascaíno fatura mais: é dia dos jogos na TV e tem também o bilhar pra juntar mais gente. “Pessoal pode torcer pro time do coração ou jogar bilhar à vontade, mas sem apostas em dinheiro. Já fizemos assim antigamente, mas dá muita confusão”, recordou Elenilto.

No final da nossa resenha, pergunto se ele não dá nenhuma ‘molhada no bico’ durante o expediente. “Não, não posso beber no horário de trabalho! Só após as 11h da noite”, responde o dono do estabelecimento. Então tá bom, né!

Já que ele não bebe durante o trabalho e eu também não pude conferir a temperatura da ‘gelada’ ali (também horário de trampo), encerramos a reportagem bebendo a famosa bebida de Mato Grosso do Sul que o baiano também adora: o “tereré”. O duro foi o ‘corintiano’ aqui (eu) beber no copo do ‘vascaíno’! Mas, neste calorão, sem rivalidade nessas horas, vida que segue!