Lucas e Mariane começaram a dividir medos e angústias em conversas nas redes sociais. Ele é de Florianópolis e ela de Recife. A escolha pela capital gaúcha é por ser referência nesse tipo de transplante. Em dezembro de 2018, eram 81 pessoas na fila.

Após se conhecer pela internet, casal se muda à espera de um transplante de pulmão
Lucas e Mariane aguardam por um transplante de pulmão em Porto Alegre / Foto: Reprodução/RBS TV

Lucas Alves e Mariane da Silva se conheceram pela internet há quatro anos ao compartilhar medos e angústias sobre suas doenças e a necessidade de um transplante de pulmão. Ele é de Florianópolis e ela de Recife. Hoje, com 24 anos, os dois moram em Porto Alegre, cidade referência nesse tipo de cirurgia.
Os namorados estão na fila por um transplante há quase um ano. Conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde, em dezembro de 2018 eram 81 pessoas na lista de espera, segundo atualização do começo de janeiro de 2019.

Antes da mudança para Porto Alegre, os dois viveram uma aventura. Lucas, que tem fibrose cística e usa um equipamento portátil de oxigênio para respirar, viajou de Florianópolis a Recife por seis horas para se encontrar com Mariane pela primeira vez. O equipamento dura quatro horas.

"Se fosse pedir permissão para um médico, com certeza não aprovaria nada disso", diz Lucas.

Depois dessa primeira visita, Mariane também quis viajar para se encontrar com Lucas novamente. Mas os pais dela não queriam que ela se arriscasse. Foi então que o casal bolou um plano para que a jovem saísse de casa durante a madrugada.
"Mandei pedir a cópia da chave, mandei taxista no hotel, e mandei meu primo busca ela", lembra Lucas.

Assim como o namorado, Mariane precisa do equipamento de oxigênio para respirar. Ela tem uma doença rara, genética, chamada de discinesia ciliar. Mas também deu tudo certo. E ela ficou em Florianópolis, com Lucas, por mais tempo.
Até que chegou o dia da mudança para Porto Alegre. Hoje vivem juntos, dando apoio um ao outro.

Depois de todos esses passos, Lucas quer encontrar um escritor que registre a história do casal em um livro.
"Todo mundo quer ter seu parceiro, e eu sempre sonhei em casar com uma pessoa carinhosa, romântica, que me entendesse, me aceitasse assim do jeito que eu sou, explosiva. Eu achava impossível arrumar alguém assim, mas o Lucas é tudo isso", ressalta Mariane.
Para manter a capacidade respiratória, Mariane faz tratamento no Hospital Santa Casa. Já Lucas precisa passar a maior parte do tempo em casa.
Perguntado se prefere que Mariane ou ele seja chamado antes para a cirurgia, Lucas nem pensou: "Para ela, com certeza". A namorada já deseja o contrário. "Eu queria que fosse para ele, está precisando mais do que eu."
"Ah, mas eu quero que ela tenha a liberdade primeiro. Como eu falei, ela é impaciente, e eu já estou há mais tempo do que ela usando oxigênio. Para mim, um ano a mais, um ano a menos...", completa Lucas.

Enquanto o casal espera pelo livro, sonha com um final feliz, com o transplante de pulmão.

Transplantes no RS
 
Dados da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, divulgados no site da Secretaria Estadual de Saúde, mostram que, em 2018, foram realizados 63 transplantes de pulmão. A cirurgia mais realizada no estado é de rim. No ano passado, foram 486.
Lucas e Mariane esperam ser chamados em uma lista de espera que tem 81 pessoas para receber um pulmão.
No Brasil, é a família que autoriza a doação de órgãos. Por isso, é importante que esse assunto seja conversado em casa.