Pais da menina contam que foram acusados de tentar vender a criança. Hospital diz que seguiu orientações do Conselho Tutelar; órgão afirma que casos que envolvem menores são sigilosos.

Uma mãe deu entrada no Hospital Albert Schweitzer, na Zona Oeste do Rio, para dar à luz e, quando recebeu alta, descobriu que a bebê havia sido levada para um abrigo. Ela havia perdido os documentos em um incêndio e conta que foi acusada de tentar vender a criança.
“Por causa de um erro do hospital, eu tenho que ficar longe da minha filha”, afirmou Marcelly Nascimento.
O hospital de Realengo diz que seguiu orientações do Conselho Tutelar, que afirma que casos que envolvem menores são sigilosos. (Veja a nota completa abaixo).
No dia 22 de maio, ela foi levada por uma vizinha para a unidade de saúde. Estava tudo pronto para a chegada da terceira filha.
“Quando chegou aqui ao hospital, a médica me deu o toque, já estava nascendo, e me levou direto para a sala de parto”, contou a mãe da bebê.
A amiga que a acompanhou até o hospital, que se chama Giovana, foi responsável por preencher a ficha na recepção. Ela destacou que a confusão começou aí.
“Minha filha nasceu, uma médica veio me chamando de Giovana. Eu expliquei para ela que meu nome não é Giovana, não sei o que tinha acontecido aqui embaixo, pois subi direto. Ela não ligou para mim e me deixou sozinha dentro da sala”, revelou Marcelly.
Incêndio
Ela contou que não conseguiu comprovar a própria identidade porque perdeu os próprios documentos em um incêndio há dois meses.
“Uma assistente social chegou, com dois caras do Detran, falando que estavam tirando a minha identidade, para que eu pudesse registrar minha filha e sair com ela tudo direitinho de dentro do hospital”, destacou.
Marcelly só pôde sair depois de duas semanas, quando a nova identidade ficou pronta. Mas aí o Conselho Tutelar não permitiu que ela saísse com a filha.
“A mulher da Assistência Social chegou com uma outra, falando que é do Conselho Tutelar de Realengo, que estava recolhendo a minha filha. Tomou minha filha do colo do pai dela, dizendo que a gente não tinha condições de criar”, contou Marcelly.
Acusação
A bebê foi levada para um abrigo em Bangu. Lá, a família ficou sabendo de outra versão: o hospital tinha recebido a denúncia de que o casal pretendia vender a criança.
“Falei: ‘eu, vender minha filha? Eu nunca iria vender minha filha’. Foi uma gravidez planejada! Eu planejei, as coisas da minha filha estão todas arrumadinhas”, se indignou.
O casal conta que ainda não registrou o caso na delegacia e que conta com a ajuda de um amigo, estudante de Serviço Social.
“Eles foram na minha casa sem dinheiro de passagem, voltaram a pé, e são acusados de receber 50% da venda de uma criança? Criaram uma história, uma narrativa, e todos estavam seguindo. Ninguém parou para ouvir o casal”, destacou Anderson Farias, amigo da família.
Enquanto o caso não é esclarecido, a família vive momentos de incerteza.”Eu creio em Deus que a minha filha vai voltar para mim o mais rápido possível”, afirmou Rodrigo Oliveira, pai da bebê.
O que dizem os citados
A direção do Hospital Albert Schweitzer afirmou que recebeu orientações do Conselho Tutelar.
O órgão teria pedido para que a criança fosse acolhida em um abrigo depois que policiais militares estiveram na unidade de saúde para investigar uma gestante que teria dado à luz no mesmo dia que Marcelly. E que a criança deixou a unidade com uma conselheira tutelar.
Já o Conselho Tutelar afirmou que atua junto às Varas da Infância e Juventude e do Ministério Público. E que a decisão de levar a criança para o abrigo se deu depois que o conselho foi notificado.
Ainda de acordo com a instituição, casos que envolvem menores de idade são sigilosos.
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