Na manhã da última terça-feira (30), funcionário do hospital acabou falecendo ao cair de pontilhão

Após a morte de funcionários, a Santa Casa de Campo Grande anunciou a criação de um novo núcleo voltado aos acolhimento e acompanhamento de colaboradores em situação de vulnerabilidade emocional. A medida faz parte da reformulação do Projeto de Saúde Mental do hospital.
Na manhã desta terça-feira (30), um enfermeiro de 38 anos morreu após cair do pontilhão da Avenida Ceará. O homem havia passado por uma cirurgia na coluna e também sofria com quadro depressivo e síndrome do pânico. A vítima trabalhava desde 2018 na Santa Casa.
Ele chegou a ser atendido por socorristas do Corpo de Bombeiros e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que tentaram reanimar o rapaz por aproximadamente 30 minutos, sem sucesso. Na queda, ele sofreu traumatismo cranioencefálico e politraumatismo.
O caso não é isolado. No mês de junho, André Afif, cirurgião-dentista de renome, com 28 anos de profissão e ampla experiência em Odontologia, também perdeu a vida ao cair do 6º andar do prédio da Santa Casa. O profissional atuava como responsável pelo Núcleo de Pesquisa da Escola de Saúde do hospital. Em depoimento, a família informou as autoridades que o médico sofria com quadro de depressão.
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Acolhimento
Conforme explica o hospital, o acolhimento psicológico dos funcionários é realizado pelo Sesmt (Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho) e pela Gerência de Gestão de Pessoas. A instituição possui profissionais de psicologia a disposição para atender funcionários que apresentam sinais de sofrimento emocional, que realizam escuta qualificada e, se necessário, direciona para tratamento especializado.
Além disso, a Santa Casa afirma que durante o mês de setembro foram promovidos seminários e campanhas de conscientização sobre saúde mental, com orientações sobre como agir em casos de sofrimento psíquico, seja pessoal ou de colegas de trabalho.
“Nos exames periódicos e admissionais, já estão em prática questionários específicos para avaliação da saúde mental dos colaboradores, como forma de prevenção e identificação precoce de possíveis quadros de risco. A Santa Casa reforça ainda que oferece plano de saúde aos seus colaboradores, sem custo de mensalidade, como forma de ampliar o acesso à assistência médica e garantir suporte contínuo à saúde física e emocional de sua equipe”, diz a nota encaminhada pelo hospital.
O que diz o sindicato?
Conforme a vice-presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Helena Delgado, é oferecido serviço de assistência psicológica aos associados, tanto da Capital, quanto do interior do Estado. Em Campo Grande, os atendimentos podem ser feitos tanto presenciais quanto virtuais, e no Interior do Estado de maneira remota.
“Temos vários pacientes no programa sendo atendidos pela Drª Maria Eduarda, Psicóloga contratada pelo Siems para prestar esses serviços e acompanhar nossa Categoria. E esse programa se estende aos dependentes, incluindo a este grupo os neurodivergentes”, diz.
Além disso, o Sindicato destaca que realiza uma série de ações que visam o apoio à saúde mental dos profissionais, em parceria com o setor de Trabalho Seguro do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª região, Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), MPT (Ministério Público do Trabalho), e sindicatos.
“O Siems está sempre em busca de amenizar problemas, como sobrecarga de trabalho ou de jornada, o que foge de nosso controle é quando os profissionais têm mais de um vínculo, pois neste caso a exaustão é presente”, destaca.
Outra medida considerada importante na promoção da saúde mental é o enfrentamento da baixa remuneração dos profissionais de enfermagem. Em parceria com o MPT, Helena ressalta que trabalha na busca de folgas remuneradas e melhorias na base salarial.
“Nos instrumentos normativos, buscamos cláusulas que componham a renda, e complementam o salário base. Buscamos percorrer vários caminhos para melhorar a remuneração global, o que não é um trabalho fácil, pois as empresas no geral não priorizam a saúde mental, e focam nos lucros. Por isso buscamos através dos instrumentos também as folgas periódicas, fora as folga estabelecidas por Lei e sem redução de salário, para tentar ofertar ao trabalhador mais tempo de convivência em família”, finaliza.
Diálogo salva vidas
Especialistas ressaltam que o diálogo salva vidas e ele pode ser feito entre familiares, amigos e especialistas, como psicólogos, terapeutas e médicos psiquiátricos. Há também entidades que prestam o serviço gratuitamente para facilitar o acesso da população, como:
Grupo Amor Vida
O Grupo Amor Vida (GAV) presta um serviço gratuito de apoio emocional a pessoas em crise. O horário de funcionamento e das 7:00 às 23:00, inclusive sábados, domingos e feriados. Conte a ajuda também por e-mail: precisodeajuda@grupoamorvida.ong. Mais informações no site.
Centro de Valorização da Vida
O CVV (Centro de Valorização da Vida) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.
Você pode conversar com um voluntário do CVV ligando para 188 de todo o território nacional, 24 horas todos os dias de forma gratuita, ou enviar o email por este link. Você pode enviar uma carta ou conversar pessoalmente com um voluntário do CVV em horário comercial. Consulte os endereços dos postos aqui e acesse o site oficial neste link.
Além disso, o Jornal Midiamax publicou um guia, indicando onde encontrar atendimento psicológico gratuito ou com preços acessíveis em Campo Grande. Clique aqui para acessar o material na íntegra.
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