No Estado, os dados registrados em 2016 voltaram a ser os mesmos registrados em 2014, representando um aumento de 6,61%.

Após 26 anos em queda, mortalidade infantil volta a aumentar em MS

Mato Grosso do Sul repete o quadro nacional: teve aumento no índice de mortalidade infantil, depois de 26 anos em queda, resultado atribuído por quem lida com o assunto à epidemia de vírus da zika e à crise econômica nos últimos anos, que provocou empobrecimento das famílias e piora nas condições de vida. Os dados referentes ao ano de 2016 mostram que os problemas também se refletiram em Mato Grosso do Sul, que sofreu um aumento de 6,61% em relação ao ano anterior.

O Estado, segundo os dados disponíveis, regrediu ao patamar de 2014, depois de sucessivas melhoras no índice desde 1990. Segundo a superintendente Geral de Atenção à Saúde da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mariana Croda, Mato Grosso do Sul vinha apresentando uma redução acima da média nacional, cerca de 5% a cada ano.

“Esse indicador é importante porque quando a gente vai ver as principais causas de mortalidade nessa faixa etária ela inclui doenças que são preveníveis. A diarreia que é prevenível com saneamento básico, as doenças imunopreveníveis, que são aquelas que a gente pode prevenir através de vacinas, além de outras como a desnutrição infantil, e aquelas relacionadas aos cuidados durante o pré-natal”.

Em 2015, o Estado registrou 12,1 mortes de crianças a cada mil nascimentos, mas em 2016 o número subiu para 12,9, uma alta de 6,61%. Segundo a superintendente, o principal fator para isso foi a epidemia do vírus da zika, que causou a morte de bebês com má formação antes do 1 ano de vida.
 

“Dentro desses determinantes sociais a gente tem outros fatores, e está se atribuindo isso também ao aumento da pobreza, porque a gente não teve melhoria nas condições de vida, teve aumento do desemprego e da taxa de pobreza e isso piora no cuidado com a saúdedessas famílias”, explicou.

A taxa nacional de mortalidade em 2016 ficou em 14 óbitos infantis a cada mil nascimentos,  5% sobre o ano anterior. 

“Quando você tem uma queda muito intensa espera que ela estabilize e mantenha quedas pequenas ao longo dos anos, mas o que essa pesquisa mostrou é que além de ela não cair, teve aí um acréscimo e muda o perfil”, afirma a superintendente. Para os especialistas a tendência é de que os dados de 2017 também se mantenham “estáveis”, ou seja, acima do registrado em 2015.

Para que o aumento da taxa volte a estabilizar, a superintendente defende um maior investimento na saúde básica e programas para família. “Ainda falta uma cobertura adequada dos programas de saúde da família, o ideal era que a gente tivesse 100% de cobertura, hoje em Campo Grande não passa de 40%. A gente precisa desse fortalecimento, e isso entra no financiamento do SUS (Serviço Único de Saúde) e para isso precisamos de uma maior verba”.

Ainda conforme Croda, falar em mortalidade infantil remete a uma linha de cuidado com a criança. "A gente precisa que esse paciente seja inserido em programas de saúde da família, que tenha acompanhamento de peso feito pelos agente comunitário de saúde, que o pré-natal dessa mãe seja feito adequadamente. Precisamos do fortalecimento de campanhas como a de amamentação, que impacta muito no primeiro ano de vida. Também o que a gente viu, que é muito preocupante, é a cobertura vacinal nas faixas referidas ao primeiro ano de vida. Por isso é necessário o fortalecimento da atenção básica, que não está sendo feito de forma adequada e por isso a gente não consegue por exemplo a cobertura vacinal dessas crianças”.