Na época com 11 anos, vítima encontrou bilhetes deixados por colegas de sala com mensagens de ódio.

Apesar de bilhetes, Justiça arquiva processo de criança que sofreu bullying por doença rara
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Um ano e meio após denunciar casos de bullying contra a filha na Escola Municipal Doutor Plínio Barbosa Martins, por conta de uma doença rara, a família recebeu uma intimação da Justiça informando que o processo foi arquivado por falta de provas.

O caso aconteceu em junho de 2023, quando a menina tinha 11 anos e recebeu vários bilhetes de ódio por parte das colegas de sala. Ela tem uma doença rara conhecida como "Fogo Selvagem", uma condição autoimune que causa lesões na pele, semelhantes a queimaduras. A condição não é contagiosa, mas, por sua aparência, gerou preconceito entre os colegas de escola.

Abalada com a notícia, a mãe, que terá a identidade preservada para não identificação da criança, fala do sentimento de impotência diante do resultado. 

 
"Eles falam que não tem provas suficientes, mas é claro que os bilhetes são a prova do bullying. Foram três bilhetes ofensivos encontrados dentro do estojo", desabafa. 

A sentença, assinada pelo juiz Jorge Tadashi Kuramoto, da Vara da Infância e da Adolescência, foi motivada pela ausência de "elementos capazes de caracterizar a materialidade do ato infracional".

Mudança de ambiente

Para a família, fica a sensação de impunidade. Na época, a mãe precisou mudar a menina de escola, pois a vítima não quis ter contato com os colegas. 

Nos recados, a vítima foi chamada de "perebenta", "nojenta", "sem amigos", "feia" e "ridícula", além de ser questionada por estar na escola com suas marcas visíveis.

A mãe da vítima relatou ainda que, após os episódios de agressão verbal, a filha foi diagnosticada com sérios problemas psicológicos e precisou ser transferida para outra unidade escolar

"É frustrante ver que o caso foi tratado como se não fosse nada. Não houve apoio da escola, não houve apoio da Semed (Secretaria Municipal de Educação), e agora o juiz fala que não há provas. O sofrimento da minha filha não valeu nada?", questionou

O arquivamento do processo não significa o fim da luta da família. A mãe informou que vai recorrer para que o caso não passe impune.

"Eu não posso deixar isso para trás. Vou lutar sempre para que minha filha e outras crianças não passem por isso sem a devida atenção", conclui.