A decisão foi tomada no âmbito de uma investigação que apura um suposto esquema bilionário de desvio de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), estimado em até R$ 6 bilhões.

André Mendonça trava R$ 389 milhões de sindicato ligado ao irmão de Lula em megaesquema do INSS

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, determinou o bloqueio de R$ 389 milhões em bens e valores do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas (Sindnapi), entidade que tem entre seus dirigentes Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi tomada no âmbito de uma investigação que apura um suposto esquema bilionário de desvio de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), estimado em até R$ 6 bilhões.

De acordo com informações divulgadas por O Globo e confirmadas por fontes do Supremo, o bloqueio atinge ativos financeiros, imóveis e contas bancárias diretamente vinculadas ao Sindnapi. A medida foi considerada necessária para impedir a dilapidação do patrimônio e garantir eventual reparação de danos ao erário.

O Sindnapi, historicamente ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao próprio Partido dos Trabalhadores (PT), é alvo de apurações que apontam o uso de sua estrutura para operações suspeitas de desvio e lavagem de dinheiro. Segundo os investigadores, a entidade teria atuado como intermediária em contratos e repasses do INSS destinados a programas de assistência e benefícios a aposentados, mas parte expressiva dos valores teria sido desviada por meio de empresas e contas fantasmas.

Embora o STF tenha confirmado a ligação da entidade com o irmão do presidente, Frei Chico, a Corte destacou que ele não é alvo direto da investigação neste momento. No entanto, fontes ouvidas pela reportagem indicam que o envolvimento de familiares de Lula em organizações sindicais ligadas ao governo levanta preocupações sobre tráfico de influência e aparelhamento político dessas instituições.

A decisão de André Mendonça foi vista como um freio jurídico em meio ao avanço de uma rede de corrupção que opera nas sombras do sistema previdenciário, explorando aposentados e pensionistas justamente o público mais vulnerável. O ministro, indicado ao STF pelo próprio Bolsonaro, reforçou a necessidade de transparência e controle sobre entidades que lidam com recursos públicos.

O caso reacende o debate sobre o uso político dos sindicatos no Brasil, muitos dos quais se transformaram em estruturas de poder paralelas, sustentadas por verbas públicas e dominadas por aliados de partidos de esquerda. A investigação, que segue sob sigilo, deve trazer novos desdobramentos nas próximas semanas, podendo alcançar figuras de destaque do cenário sindical e político nacional.

Enquanto o governo Lula tenta se afastar da polêmica, a decisão de André Mendonça se impõe como um marco de resistência institucional, mostrando que ainda há espaço no Judiciário para ações firmes contra a farra do dinheiro público e o conluio entre Estado e corporações partidárias.