Contrato defendido pela prefeita envolve construtora investigada por suspeita de corrupção na iluminação pública de Campo Grande
Mesmo em meio à crise financeira enfrentada pelo município e sob questionamentos da oposição e da sociedade, a prefeita Adriane Lopes (PP) manteve o investimento de R$ 1,7 milhão em iluminação natalina em 2025, em Campo Grande. Por coincidência, o contrato, defendido publicamente pela gestão municipal, é com a empresa investigada pelo Gaeco e Ministério Público, nesta sexta-feira (19), em operação sobre corrupção na iluminação pública.
A Construtora JLC LTDA, responsável pela execução da decoração de Natal, está entre as empresas citadas na “Operação Apagar das Luzes”, deflagrada pelo Gaeco. A investigação apura supostas fraudes em processos licitatórios e contratos de manutenção do sistema de iluminação pública de Campo Grande, com indícios de superfaturamento que podem ultrapassar R$ 62 milhões.
De acordo com o MPMS, os contratos investigados foram firmados em 2024, já na gestão da prefeita Adriane Lopes, e alguns permanecem em vigência, inclusive com aditivos. Além da JLC, também são investigados a empresa Construtora B&C e dois servidores públicos — um da ativa e outro aposentado.
Antes mesmo da operação, o contrato da iluminação natalina já era alvo de críticas. Em novembro, reportagem do TopMídiaNews revelou a proximidade social e familiar entre integrantes do núcleo político da prefeita e pessoas ligadas à empresa beneficiada, o que levantou suspeitas sobre possível favorecimento. À época, Adriane Lopes foi questionada sobre os motivos de manter o gasto milionário, mesmo diante da possibilidade de parcerias público-privadas previstas em lei, mas não apresentou esclarecimentos considerados suficientes.
A gestão municipal também foi cobrada por priorizar a decoração natalina em um cenário de contenção de despesas, atraso em pagamentos e dificuldades em áreas essenciais, como saúde e transporte público. Ainda assim, o contrato foi mantido e defendido pela prefeitura.
Em resposta às denúncias anteriores, a Construtora JLC negou qualquer vínculo familiar com agentes públicos e afirmou que todos os contratos firmados com o Município de Campo Grande decorreram de processos licitatórios regulares, transparentes e em conformidade com a Lei nº 14.133/2021. A empresa também destacou que venceu o pregão eletrônico sem impugnações ou recursos por parte de outras concorrentes.
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