Professor conta que grupo também achou película de celular, bitucas de cigarro e ficou "bastante impactado" ao ver animal morto.

Alunos saem da escola para atividade em lagoa de MS e flagram cágado morto asfixiado por linha de pesca
Alunos em MS encontram cágado raro morto asfixiado com linha de pesca. / Foto: Governo de MS/Divulgação

Os alunos chegaram na escola Hércules Maymone, em Campo Grande, sabendo que a aula seria em campo, na última sexta-feira (26). Pela 2ª vez, o grupo de 20 pessoas faria o reconhecimento ambiental na lagoa Itatiaia, região sudeste de Campo Grande. Mas, no meio da atividade, o que os deixou triste foi encontrar um cágado de espécie rara morto asfixiado por linha de pesca.

O professor de segurança e legislação ambiental Luiz Henrique Ortelhado Valverde, disse ao G1 que eles tinham como missão apontar pontos críticos e verificar, minuciosamente, a situação no local.

"A intenção era ver todas as alterações ambientais e por isso percorreram toda a lagoa. Quando chegamos lá, encontramos novamente os pescadores e também fizemos entrevistas com moradores. Eles também acharam película de celular, bitucas de cigarro e muita linha de pesca. E aí, no meio disso tudo, a cena mais triste do cágado, que morreu pouco antes da gente achá-lo", afirmou.

Segundo Luiz Henrique, uma semana antes, os alunos do curso-técnico em meio-ambiente fizeram a mesma coisa. "Da primeira vez nós acreditamos que a água estivesse mais elevada, então, quando encontramos o cágado, fizemos o registro fotográfico. Não havia mau cheiro, então deu pra perceber que ele tinha morrido pouco tempo antes. Eu tenho um amigo que fez doutorado com quelônios e então ele nos informou que se tratava de um animal raro. Nós ficamos bastante impactados", lamentou.

Conforme o professor, os alunos pretendem agora apontar propostas para a lagoa.

"O esporte da pesca acontece ali, porém, é proibido. E ainda as pessoas deixam as linhas ali prejudicando a fauna e flora existente ali. Nós estamos pensando em propor um programa de educação ambiental, com mais placas, programas de alerta que mostram o que está acontecendo ali, dando assim um retorno para a comunidade. Nós sabemos que o local não era tão visitado como é hoje e vamos expor todo o nosso trabalho", finalizou.

O jornalista Ariosto Mesquita Duarte, de 55 anos, conta que caminha ao redor da lagoa diariamente, sempre no início da noite. "Ali eu vejo muita gente pescando e geralmente não são moradores da região. A água baixa recentemente por conta da estiagem, então abriram muitas prainhas e eu vi gente usando tudo quanto é petrecho para pescar. É revoltante e ainda depois vi pela internet a imagem da morte do cágado. Acho que o poder público precisa tomar uma atitude urgente", comentou.

Ainda conforme Duarte, seria necessário uma medida de revitalização da lagoa. "Ela fica perto ali da região do Tiradentes, um bairro muito populoso. Eu vou ali para levar qualidade de vida para o meu animal e me deparo com outro animal nessas condições. É terrível e a sociedade também precisa se mobilizar", encerrou.