Por testar bem mais que outros estados, Mato Grosso do Sul oferece às autoridades um panorama mais amplo da pandemia; testes rápidos aceleram total de recuperados.

Alto índice de testagem em MS explica 65% de curados
Infectologista Julio Croda afirma que testagem em massa é importante na pandemia. / Foto: Álvaro Rezende/Arquivo/Correio do Estado

Mato Grosso do Sul tem atualmente 8.008 recuperados da Covid-19, número que representa quase o dobro de casos ainda ativos do vírus, 4.107 (contando pacientes internados e em isolamento domiciliar). Para o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, isso mostra que o Estado tem testado mais que outras unidades da federação.

“Isso significa que o Estado tem ofertado testes, tanto rápidos quanto RT-PCR, para casos menos graves da doença ou com poucos sintomas. Indica que está testando bem mais do que outros estados, que não testam os assintomáticos e que, por isso, têm taxas de morte altíssimas”, declarou Croda.

Para o infectologista, é muito importante que esses testes sejam aplicados nesses grupos de pessoas que apresentam pouco ou nenhum sintoma, mas que tiveram contato com casos confirmados, por exemplo. “É muito melhor porque você conhece o dado real de infectados e consegue isolar precocemente essas pessoas para que elas não infectem outras”.

Segundo o secretário municipal de Saúde de Campo Grande, José Mauro de Castro Filho, com o aumento da testagem na Capital, foi possível perceber que cerca de 30% dos testados já estavam curados do vírus, ou seja, eles pegaram a doença, mas tiveram pouco ou nenhum sintoma e quando tiveram a oportunidade de realizar o teste foram diagnosticados com a Covid-19, porém, já não mais com o vírus ativo.

“Campo Grande aumentou muito a disponibilidade de testes rápidos e, por isso, também começou a crescer o número de casos, mas alguns são infecções do passado, não do presente”, avaliou o pesquisador da Fiocruz.

O infectologista afirma que essa forma de testagem ajuda a prever também qual será o impacto dos casos no sistema de saúde nos próximos dias. “Dá para entender o exato momento do número de casos e qual vai ser o impacto de internações. E, com isso, a tendência de um possível colapso da saúde e evitá-lo”.

TESTAGEM

Até sexta-feira, Mato Grosso do Sul havia realizado 60.513 testes, tanto de biologia molecular (RT-PCR) quanto de exames rápidos. O Estado contabiliza 12.261 confirmações da doença, isso representa uma porcentagem de 20% de exames positivos.

REFORÇO

Recentemente, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgou um aumento na testagem em algumas cidades sul-mato-grossenses. Em Corumbá, desde segunda-feira (6), houve uma alteração nas datas dos exames que antes eram feitos nas segundas, quartas e sextas-feiras: agora, são realizados nas quintas, e não mais nas sextas-feiras. A cidade passou também a aplicar 110 exames RT-PCR e 90 testes rápidos ao dia. Ou seja, 600 por semana. Já em Três Lagoas, os exames cresceram para 40 testes RT-PCR e 70 testes rápidos de segunda a sábado.

O maior aumento, porém, ocorrerá em Campo Grande, que a partir da próxima semana deverá aplicar mais de 1 mil testes por dia, entre rápidos e de biologia molecular. Na sexta-feira, a Capital, que tinha dois locais de testagem em massa da Covid-19 – o drive-thru localizado no quartel do Corpo de Bombeiros, na Rua 14 de Julho, e o Polo do Parque Ayrton Senna, no bairro Aero Rancho –, passou a ter um novo local, na Escola Lucia Martins Coelho, na Rua Bahia.

No novo endereço serão aplicados 400 testes rápidos, que poderão ser agendados pelo Disk Covid: (67) 3311-6262. O diferencial é que o local funcionará no período noturno, das 18h30min até as 23h30min. Outro aumento ocorrerá na testagem feita no parque: atualmente, são disponibilizados diariamente 200 testes no local, sendo 100 RT-PCR e 100 rápidos. Mas o governo do Estado promete aumentar para 260 a quantidade de testes rápidos nos próximos dias no local, passando a 360 exames diários no polo.

Já no drive-thru são realizados 140 testes rápidos e 109 de biologia molecular. Somando todos esses locais, a cidade passa a disponibilizar 1.009 exames diariamente para a população.

Até a sexta-feira, a Capital já havia realizado 22.062 testes, e apenas 4.070 pessoas foram diagnosticadas com a Covid-19, o que representa que 18% dos exames aplicados deram positivo, menor do que a média de Mato Grosso do Sul.