Alemanha pode levar 100 anos para se livrar de lixo nuclear
Usina nuclear Isar, no sul da Alemanha / Foto: Fornecido por Deutsche Welle

É possível que a Alemanha só tenha um depósito definitivo para seu lixo nuclear no próximo século, indicou uma comissão de especialistas nesta semana. Durante dois anos, cientistas, líderes da indústria e representantes da sociedade civil debateram sobre onde o país deve armazenar o lixo produzido por seus reatores nucleares, que devem ser desativados até 2022.

Inicialmente, a comissão esperava chegar a uma decisão sobre o local de depósito do material radioativo até 2031, e que ele começasse a operar em 2050. No entanto, o relatório final aponta que pode ser que o depósito seja inaugurado somente "no século que vem".

A localização de um depósito definitivo é uma questão pendente desde que o governo da chanceler federal Angela Merkel decidiu abandonar essa fonte de energia, em 2011, em meio à comoção gerada pela catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão.

A comissão de especialistas busca agora escolher a localidade com base em critérios científicos. Por muitos anos, um local em Gorleben – cidade no norte do país que já abriga um depósito provisório – vem sendo estudado e já foi motivo de protestos de ambientalistas. Gorleben ainda é uma possibilidade, mas outros lugares estão sendo avaliados.

Depósito subterrâneo

A comissão recomendou a construção de um cemitério nuclear subterrâneo no próprio país, tendo a segurança máxima como critério prioritário.

"É uma decisão difícil, porque implica dar uma solução duradoura a uma fonte de energia de uso relativamente curto, cujos resíduos acompanharão muitas gerações futuras", resumiu o presidente da comissão, Michael Müller.

Há anos, o governo alemão vem travando batalhas com a indústria para decidir quem deve arcar com os custos da desativação das usinas nucleares do país, da armazenagem do lixo atômico e do desmantelamento seguro dos reatores.

Segundo uma enquete difundida nesta semana, 77% dos alemães aprovam o abandono da energia nuclear, enquanto apenas 16% se opõem e 7% não têm uma opinião clara a respeito.