Famílias de Sidrolândia, Nioaque, Campo Grande e Dois Irmãos do Buriti foram beneficiadas

Agricultores familiares de MS recebem títulos de domínio e pagamento do Fomento Mulher
Famílias de Sidrolândia, Nioaque, Campo Grande e Dois Irmãos do Buriti foram beneficiadas / Foto: Agricultores tentam entrar na Alems. (Eliel Dias, Jornal Midiamax)

Uma manhã marcada por alívio e conquista aos agricultores familiares de Mato Grosso do Sul nesta segunda-feira (22), durante o Seminário da Reforma Agrária, realizado na Alems (Assembleia Legislativa de MS) e lotado de agricultores.

Foram entregues Títulos de Domínio para famílias de Sidrolândia, Nioaque e Campo Grande, além de contratos de Concessão de Uso para famílias de Dois Irmãos do Buriti;  contratos do Programa Nacional de Crédito Fundiário para famílias da Fazenda Três Meninas, em um investimento de R$ 3,8 milhões.

Ainda foi feito o pagamento do programa Fomento Mulher já contratado e o lançamento do Condomínio Quilombola Tia Eva, um investimento aproximado de R$ 32 milhões que representa um marco para a inclusão social e o reconhecimento das comunidades tradicionais de Mato Grosso do Sul.

Também foi assinado o Selo Quilombos do Brasil e Selo Indígena do Brasil, que serão entregues para lideranças do Quilombo Buriti em Campo Grande e da Aldeia 10 de Maio em Sidrolândia, respectivamente.

São 447 contratos de créditos às mães assentadas para que possam ter seus projetos de forma autônoma e independente. Ainda, cerca de 4.500 famílias que entram no Programa Nacional de Reforma Agrária em Mato Grosso do Sul.

A agricultora do loteamento P.A Conquista, Ineide Graffunder, recebeu R$ 8 mil no Fomento Mulher. “Meus pais conseguiram o lote e eu assumi depois que eles morreram há seis anos. Nunca recebi nenhum recurso do governo e esse é o primeiro. Vou investir em galinhas poedeiras”.

Segundo o diretor-presidente da Fetagri-MS (Federação dos Agricultores Familiares), Orélio Maciel, ter a terra no nome do dono é motivo de alegria. “A importância do momento que você tem o título de domínio, você pode ir ao banco, você pode fazer o seu financiamento particular, você não depende só do programa do Governo Federal, mas você, com o seu título de domínio, você vai lá, você pode fazer o seu projeto direto no banco, você tendo a garantia da sua propriedade”.

Planejamento e Orçamento
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que Mato Grosso do Sul depende do agronegócio e é fundamental para o Brasil. “Aqui temos uma diversidade de cultura, nós produzimos a nossa carne, frangos, suínos, não é só mais o boi, além do peixe. Num Estado que produz, é um dos maiores celeiros no que se refere a grãos, e a diversidade de grãos, nós não podemos nos esquecer que enquanto o Mato Grosso do Sul é fundamental para impactar positivamente a nossa balança comercial, e com isso deixar o dólar cada vez com valor mais baixo, e com isso valorizar a nossa moeda para não ter inflação no mercado, no comércio, nós temos quem nos alimente, que é a agricultura familiar. E a agricultura familiar é muito forte em Mato Grosso do Sul”.

Simone disse ainda que durante o seminário sentaram-se à Mesa filiados ao PT, PL, MDB. “É um reconhecimento de que quando a gente fala de agricultura familiar, ela não briga com agronegócio, ao contrário, ela é complementar ao agronegócio. E nós precisamos dos dois muito fortes para que a gente possa efetivamente fazer o Brasil crescer, gerar emprego, renda”.

MDA
A secretária-executiva do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Fernanda Machiaveli, os avanços na reforma agrária são frutos da pressão popular e da participação social. “Quando começou o nosso governo só tínhamos R$ 200 milhões. Foi para R$ 782 milhões esse ano. Ano que vem vai ser R$ 1bilhão destinados para a reforma agrária. São os movimentos sociais que estão liderando esse processo de proteção das nossas instituições e um grito por um Brasil soberano. E um Brasil soberano é aquele que tem soberania alimentar. E quem faz a soberania alimentar do nosso país é a agricultura familiar que produz mais de 400 tipos de alimentos, alimentos diversificados e saudáveis que chegam para as nossas mesas”.

Incra
Conforme o Diretor de governança da terra do Incra, Joao Pedro Gonçalves da Costa, foi entregue uma portaria de reconhecimento do Quilombo e Tia Eva. “Trezentas famílias ali e foi preciso chegar no século XXI para o Estado brasileiro reconhecer historicamente aquela ocupação. Ninguém cria Quilombola, só a democracia e um Estado comprometido com todos reconhecendo um território quilombola. E o Incra está fazendo isso hoje, como entregando política de fomento, crédito às mulheres que estão nos nossos projetos de acampamento”.