Agora nos EUA, Gadelha afirma que brasileiros treinam da maneira errada
Claudia Gadelha disse ter encontrado treinos melhores nos Estados Unidos / Foto: Evelyn Rodrigues

Depois de perder pela segunda vez para Joanna Jedrzejczyk, em julho deste ano, na disputa de cinturão peso-palha feminino (até 52kg) do UFC, Cláudia Gadelha identificou que seu problema era questão de gás. A brasileira cansou nos rounds finais da luta, e tomou uma decisão importante: saiu da Nova União e agora treina nos Estados Unidos, na equipe do treinador Greg Jackson, buscando evoluir nesse aspecto. Em entrevista concedida via Skype nesta terça-feira, em um "Media Day" organizado pelo Ultimate, no Rio de Janeiro, a lutadora falou sobre a mudança.

- Estava na hora de ter um camp mais relax, conseguir descansar mais, focar mais na parte técnica. No Brasil a gente treina muito, procura muito evolução, mas da maneira errada, porque acabamos treinando demais. Não é nem por falta de informação. É que o brasileiro é tão sofrido que quer muito, e treina demais. Mas às vezes isso não é a coisa certa. Aqui a diferença é essa. Eles sabem periodizar o treinamento melhor, descansam mais. Estou sentindo a diferença nessa parte - avaliou.

Gadelha acredita que houve um problema de "overtraining" na preparação para a luta contra Joanna. A lutadora conta que começou a se preparar a 17 semanas do combate, e acabou, em suas palavras, passando do ponto. Isso, segundo ela, afetou seu desempenho.

- Nunca senti, em nenhum treino, o que eu senti naquela luta. Meu braços pesaram, não consegui mais lutar. Revendo o que aconteceu, eu exagerei com a vontade para vencer. Fiz 17 semanas de camp, é um absurdo. Eu me senti uma mulher maravilha, a mais treinada do mundo para essa luta. Mas, às vezes, treinar demais não é o certo. É isso que eu estou aprendendo, conhecendo outras equipes, outras mentalidades. O preparo físico foi o meu problema porque eu passei do ponto. Cheguei ao ponto em que deveria estar bem antes da luta e, ali na hora, meu corpo não estava mais aguentando - afirma.

Na JacksonWink, onde treina agora, além da melhor organização em treinamentos, segundo a atleta, Gadelha ganha vantagem por se tratar de um local de altitude (aproximadamente 1.619 metros acima do nível do mar), o que ajuda na preparação cardiovascular, que é seu foco no momento.

Mas, ainda que tenha se achado em solo americano, a brasileira não descarta um futuro retorno à Nova União. Isso porque ainda mantém relação forte com o treinador Jair Lourenço. Se depender da vontade da lutadora, inclusive, seu mestre vai compor o córner para a luta contra Cortney Casey, no UFC São Paulo, dia 19 de novembro.

- Acho que ainda existe vínculo com a Nova União por causa dessa parceria com o Jair. É um cara que eu quero do meu lado para o resto da vida. Saí da Nova União, mas a Nova União não sai de mim. Continuo respeitando a equipe. [...] Estou tentando trazê-lo aqui para ver meus treinos, porque, para estar no meu córner, ele precisa ver meu treinamento. Ele está sem tempo, ainda estamos vendo isso, mas quero ter ele, sim.

A relação com Dedé Pederneiras, que comanda a Nova União no Rio de Janeiro, por outro lado, não é bem assim. De acordo com ela, o vínculo entre os dois é estritamente profissional.

- A minha relação com o Dedé sempre foi muito profissional. A gente nunca foi muito amigo, muito parceiro. E continua do mesmo jeito. Se tiver que tratar alguma coisa profissional, eu vou ligar para ele ou ele vai me ligar. Não aconteceu nada demais. Eu precisava buscar evolução e a evolução está aqui. O Brasil fica para trás em algumas coisas, principalmente no esporte. Como quero melhorar, tive que vir para cá. Mas minha relação com o Dedé continua a mesma, 100% profissional.