Adilson Aparecido Brum Weis foi flagrado em interceptação telefônica alertando o suposto líder do PCC sobre risco de ser preso; ele usou sistema policial para buscar informações sobre mandado.

Agente penitenciário preso é suspeito de passar informações a líder do PCC
Weis e Tânia foram presos em 12 de junho durante a Operação Paiol do Mal. / Foto: Bruna Kaspary/Arquivo

O agente penitenciário Adilson Aparecido Brun Weis, 55, foi preso durante a operação Paiol do Mal por supostamente abastecer José Cláudio Arantes, o Tio Arantes –apontado como um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital)–, de informações sobre investigações contra ele e a facção criminosa. Weis pagou fiança e responde às acusações em liberdade.

O conteúdo da denúncia contra o agente, preso em sua casa no Conjunto União, em Campo Grande, consta em documentos da investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) aos quais o Campo Grande News teve acesso. Weis, de acordo com as apurações, havia informado ao Tio Arantes por telefone que ele deveria “ficar ligado”, pois seu nome era relacionado a uma ocorrência policial.

A descoberta da ligação, por meio de monitoramento de linhas telefônicas, deu-se em 17 de outubro do ano passado, quando autoridades policiais de Campo Grande investigavam o ataque a caixas eletrônicos do Banco do Brasil dentro do Parque de Exposições Laucídio Coelho –Tio Arantes acabou preso no dia 23 daquele mês em um condomínio, acusado de envolvimento no crime.

“Constatou-se que José Cláudio Arantes conta com a colaboração do agente penitenciário estadual Adilson Aparecido Brum Weis, o qual atua junto ao Primeiro Comando da Capital”, destaca o documento.

Weis ainda teria marcado um encontro com Arantes para discutir melhor a situação. O telefone usado para as conversas estava registrado no nome de sua mulher –investigações que se usaram até mesmo de redes sociais conduziram ao nome do agente.

Código – Na ligação monitorada, chama a atenção a cautela do Tio Arantes ao telefone: em momento algum ele cita seu nome, e sim recorda de uma situação na qual Weiss foi “na chácara do velhinho lá embaixo”, explica ser ele filho de um antigo patrão do agente penitenciário, que se recorda de quem é e segue com a conversa.

A equipe do Gaeco que apurou o caso ainda confirmou que Weis acessou o Sigo (sistema utilizado pelas autoridades policiais para registrar e armazenar boletins de ocorrência e mandados) para verificar se havia algum pedido de prisão contra Arantes.

Depois, uma interceptação telefônica de Tânia com um advogado faz menção sobre o mandado, sugerindo ter a informação passada pelo agente ao Tio Arantes. A reportagem não conseguiu contatar Weis ou seus advogados para comentar as acusações.

Paiol do Mal – A operação Paiol do Mal também cumpriu 16 mandados de prisão em presídios do Estado, tendo o Tio Arantes entre seus alvos. Ele era acusado de comandar crimes de dentro da penitenciária de Dourados –a 233 km da Capital, para onde foi levado depois da explosão dos caixas no Laucídio Coelho–, inclusive dando ordens para ações do PCC.

Na ação, também foram investigados crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, roubo, tráfico de armas e lavagem de dinheiro. As ações apuraram, também, a existência de um esquema para repasse de armas para criminosos, com base na região norte da Capital.

Além da Paiol, Arantes foi alvo da Operação Echelon, capitaneada pela Polícia Civil de São Paulo e que buscou pelo país 75 supostos líderes da facção criminosa.