Conversa ocorreu em grupo de WhatsApp; 'Bananas são historicamente utilizadas como ofensas raciais', diz MP.

Advogada vira ré por injúria racial após usar emoji de banana para responder colega negra

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) tornou ré a advogada Isabela Bueno de Sousa, de 49 anos, por injúria racial. A mulher é acusada de usar imagens (emoji) de banana para responder uma colega de profissão negra em um grupo de WhatsApp.

Segundo o G1, o caso ocorreu em 11 de janeiro deste ano. Advogada Thayrane Evangelista, de 31 anos, que moveu a ação, contou que mandou uma "figura aleatória", um GIF, no grupo e foi respondida com imagens de bananas.

Sem entender, ela disse que questionou o comentário. Já Isabela, a acusada, escreveu que foi uma "reserva de pensamento" e que pensou "alto" . Ela não quis comentar o caso.

O caso foi investigado pela Polícia Civil e, a partir do inquérito, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apresentou denúncia contra a advogada, acatada pela Justiça. No documento, os promotores explicaram a referência racista na ocasião de uso da fruta.

"As bananas são historicamente utilizadas como ofensas raciais uma vez que utilizadas metaforicamente para relacionar pessoas negras aos primatas macacos, reforçando o estereótipo de subalternidade social desse segmento populacional, tratando-se, claramente, de uma ofensa à honra que faz referência à cor e raça da vítima", considerou o MP.

Além disso, o MPDFT destacou que a acusada não respondeu com bananas a outros integrantes do grupo. O valor mínimo de indenização no processo é de R$ 6 mil.

O caso
De acordo com a denúncia, Isabela, "agindo com vontade livre e consciente", ofendeu a dignidade e o decoro de Thayrane, "valendo-se de elementos referentes à sua raça e cor".

O processo narra que os advogados debatiam sobre a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), quando Isabela respondeu a vítima com imagens de bananas. O grupo tem 256 membros.

Ao se sentir ofendida, Thayrane respondeu não ter entendido o motivo das bananas dirigidas a ela, e a denunciada respondeu "reserva de pensamento. Pensei alto, sorry [desculpa, em inglês]".