Ex-servidor da Prefeitura, que também tinha prostíbulo, está preso pelas ameaças.

Luciana levou mulheres ameaçadas para desmentir denúncias. / Foto: Reprodução / Redes Sociais

Advogada criminalista ligada à família Trad, Luciana Abou Ghattas, levou mulheres ameaçadas a um cartório de Campo Grande, para que elas fizessem um documento público, desmentindo denúncias de assédio sexual contra Marquinhos Trad (PSD). A conclusão está em relatório da Delegacia de Atendimento à Mulher, a Deam. 

O homem que ameaçou mulheres a fazerem uma declaração pública em cartório, desmentindo as acusações contra o ex-prefeito, é Victor Hugo Ribeiro Nogueira da Silva. Ele, que está preso, era tido como ''superservidor'' na prefeitura, ocupando cargo de Gestor de Projetos, de 2017 a 2021. A própria advogada foi comissionada de Marquinhos em 2017.

Ainda conforme apurado, ao mesmo tempo que atuava no poder público, Victor mantinha um lava a jato e uma casa de prostituição, onde exigia diária de R$ 150 para ceder o espaço às ''damas da noite'' pernoitarem com seus clientes. 

''AJUDINHA''

Segundo relatório da Polícia Civil, obtido pelo TopMídiaNews, Luciana Abou Ghattas representou uma das vítimas de Marquinhos no 3º Cartório Ely Ayache, em 25 de julho deste ano. Ela, segundo testemunhas, é que pagou as despesas cartorárias de alguns dos clientes. 

As testemunhas não conseguiram identificar quem é que pagou os honorários dos dois advogados que levaram as mulheres ao cartório. Nenhum documento que comprova a prestação de serviços jurídicos foi apresentado à investigação. 

FAMÍLIA

Luciana Abou Ghattas é uma famosa advogada criminalista que, além de atuar em um importante escritório de advocacia da Capital, também ocupava cargo público na prefeitura. Ela tem registro fotográfico com Marquinhos em diversas situações. 

AMEAÇAS

No detalhe do inquérito, as falas das testemunhas – todas mulheres – dão conta que o suspeito usou de pessoas próximas a elas para convidar para uma conversa. Ele insinuava que essas pessoas ganhariam um bom dinheiro, caso cumprissem as ordens. No entanto, o pedido iria ser feito apenas pessoalmente. 

No local dos encontros, que era o lava a jato de Victor, ele exigia que as participantes da conversa deixassem as bolsas e celulares, para não correr o risco de ser gravado. 

O que era uma promessa de ganhar dinheiro fácil se tornou ameaça de exposição da vida e de suas intimidades, caso não fossem ao cartório, registrar um documento público, afirmando que mentiram ao denunciar Trad por assédio. As supostas vítimas de Marquinhos dizem, ao mesmo tempo, que receberam dinheiro para atacar o hoje candidato ao Governo.  

A Deam, em relatório enviado à Justiça, garante ter um vasto material para provar os crimes de Victor Hugo. A juíza que recebeu o inquérito, tornou o suspeito réu, no último dia 22 de setembro. Ele segue preso. 

Resposta

A advogada antecipou que não pode dar detalhes sobre um caso que está em segredo de Justiça. No entanto, confirmou que foi chamada por um colega advogado e foi de livre e espontânea vontade atender a cliente. 

Ghattas destaca que não percebeu que ninguém foi ameaçado e foi apenas prestar um serviço jurídico. Ela detalhou que uma cliente estava abalada emocionalmente, mas porque estaria arrependida de fazer uma falsa denúncia contra Marquinhos e, justamente por isso, queria retirar a queixa.