‘Cachorrão’ está foragido e deu entrevista a uma rádio na fronteira

O caso do jornalista Leo Veras, assassinado em fevereiro de 2020, volta a repercutir na fronteira com Mato Grosso do Sul. Waldemar Pereira Rivas, conhecido como ‘Cachorrão’, pronunciou-se, negando ter matado ou ordenado o assassinato do jornalista.
O pronunciamento de ‘Cachorrão’ ocorreu no programa ‘Un Dia Más’, de Pedro Juan Caballero, na Rádio América, para o jornalista Aníbal Gomes Caballero na última segunda-feira (4). No programa, ele afirmou que tem um arquivo em pendrive que comprovaria sua Inocência. “Se provarem que sou culpado, que me condenem à prisão perpétua”, disse Pereira.
Ele ainda disse que o deputado Santiago Benítez (ANR) havia lhe pedido US$ 20 mil para divulgar as imagens que o inocentariam do assassinato, mas outros interessados lhe pagaram mais para culpá-lo pelo crime. “Todos sabem quem matou Leo Veras, mas me culpam por tudo”, disse.
“O problema do deputado com o governador de Amambay é uma questão política, mas me colocaram no meio disso”, afirmou ‘Cachorrão’. O criminoso solicitou que, para se entregar, seu caso fosse julgado em Assunção e que ele fosse levado a um promotor que não quisesse simplesmente condená-lo.
Ele também solicitou prisão na Turma Especializada, pois sua cabeça estava a prêmio, afirmou. ‘Cachorrão’ negou ainda ter qualquer outra ligação ou relacionamento com o atual deputado. Leo Veras era jornalista e dono de um veículo jornal que noticiava a situação na fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.
Leo Veras foi assassinado em 12 de fevereiro de 2020 com 12 disparos, enquanto jantava com a família em sua casa, no bairro Jardín Aurora, onde três pistoleiros chegaram em Jeep.
Na época do crime, ‘Cachorrão’, segundo a Rádio América, ocupava o posto de ‘chefe de disciplina’ do PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira. Durante as investigações, foi dito que ele teria fornecido o Jeep Renegade e os pistoleiros que atacaram o jornalista em sua própria casa.
A matéria que supostamente levou a morte de Leo mencionava o líder do PCC, o paraguaio Ederson Salinas Benítez, conhecido como ‘Ryguasu’, que, em decorrência dessa informação, foi impedido de ser libertado enquanto estava preso do lado brasileiro.
A acusação do Ministério Público menciona que ‘Cachorrão’ fazia parte de uma facção liderada por ‘Ryguasu’ e pelo também falecido Marcio Ariel Sánchez Giménez, conhecido como ‘Aguacate’, que por sua vez se reportava diretamente ao então chefe da fronteira, Sergio de Arruda Quintiliano Netto, conhecido como Minotauro.
Juízes que inocentaram ‘Cachorrão’ podem ser suspensos
Em abril do ano passado, o JEM (Júri de Acusação de Magistrados) abriu os procedimentos de acusação de três juízes que libertaram ‘Cachorrão’ pelo assassinato do jornalista Léo Veras. Segundo a denúncia, as magistradas Carmen Elizabeth Silva Bóveda, Ana Graciela Aguirre Núñez e Mirna Carolina Soto González, integrantes do Tribunal de Sentenças da Comarca de Amambay devem responder pela absolvição de Waldemar.
Isso, porque as três juízas assinaram sentença em que inocentam o criminoso, que já estava preso e pertence ao PCC (Primeiro Comando da Capital. Ele saiu pela frente do tribunal paraguaio e desapareceu.
Entretanto, após revisão de Waldemar Pereira Rivas, a Justiça decidiu anular a sentença e ele voltou ao banco de réus. Já em 24 de fevereiro, a Justiça anulou a decisão que determinou a sua absolvição pela morte do jornalista.
Durante o júri, a principal testemunha disse em plenário que não podia contar muita coisa, já que nem a fisionomia dos autores viu no dia do assassinato.
‘Cachorrão’ saiu pela porta da frente do Tribunal de Sentença. (Foto: Reprodução, Polícia Nacional)
Descaso nas investigações
Recentemente, a morte do jornalista Léo Veras voltou a ser questionada, pelo descaso das autoridades paraguaias. O consórcio jornalístico Forbidden Stories, em parceria com o OCCRP (Projeto de Investigação Sobre Crime Organizado e Corrupção, na sigla em inglês), obteve documentos dessa investigação que mostram uma série de negligências.
Segundo o Consórcio, pedidos de cooperação dos agentes brasileiros foram ignorados e evidências, descartadas. Cintia González tem convicção de que a morte de Léo aconteceu por ele ter investigado o crime organizado, em especial o PCC.
Um dos líderes da facção, o ‘Minotauro’, é suspeito de encomendar, da prisão, a morte de Veras, segundo documentos oficiais que o Forbidden Stories obteve. Já ‘Cachorrão’ teria executado o crime.
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