Ao chegar na ala vermelha do hospital, cabo conta que encontrou pacientes em situações tão graves, que "até parou de sentir dor". Quarta cirurgia ocorrerá em novembro.

Cabo da PM logo após a 2ª cirurgia em Campo Grande. / Foto: Elizandra Ribas/Arquivo Pessoal

Como todo bom soldado, pronto novamente para a batalha. É o pensamento que norteia o cabo do Batalhão de Choque, Gustavo Leite Serafim, de 34 anos, que há 8 atua na Polícia Militar e foi recentemente atacado por um pit bull. Em casa, após passar por duas cirurgias de reconstrução da face, ele fala pela 1ª vez e diz que "a gente tem que aprender a agradecer a Deus por estar vivo".

"No momento do acidente, o único reflexo que eu tive foi colocar a mão no pescoço e até por isso ele mordeu o meu dedão também. Se a mordida fosse lá, não estaria aqui para contar história. A primeira coisa que passei depois, foi a aceitação de que era uma fatalidade. Graças a Deus e com apoio de familiares, amigos, equipe médica e toda a corporação, tive psicológico bom para seguir adiante. Não adianta ficar se lamentando, seria muito pior", afirmou ao G1 o policial.
 

Processo de reconstrução
 
Ao chegar na ala vermelha da Santa Casa, Gustavo conta que encontrou pacientes em situações tão graves que "até parou de sentir dor". "Ver muitas pessoas daquela maneira me deu uma baita lição. Precisamos agradecer o dom da vida. No meu caso, consegui fazer o procedimento com um médico especialista, que fez uma microcirurgia inervada e são 90 dias de tratamento desde o ocorrido", disse.

No caso da 4ª cirurgia, que deve ocorrer no mês de novembro deste ano, o policial conta que a intenção é continuar o processo de reconstrução do lábio. "Será pego uma porção de dentro da bochecha para fazer uma carne muito parecida do que é originalmente e, ao longo do tempo, vai voltando aos poucos a sensibilidade e o movimento. Na verdade, isto já está acontecendo. Em breve, no final do ano, no máximo até janeiro, já quero estar trabalhando", comentou Serafim.

Entenda o caso
 
O caso ocorreu há 1 mês e seis dias, quando a vítima estava na casa do vizinho e, conforme a família, conhecia o animal. Ao sair, o cão acompanhou e a vítima então o puxou pela coleira, com intenção de não deixar ele sair do imóvel.

Quando o alcançou, o cabo tentou colocar ele de volta na casa, tropeçou e o cão o mordeu na região do queixo, dilacerando a mandíbula e bochechas.

"Ele estava de folga, visitando o amigo e já indo embora, quando foi guardar o cão e levou a mordida. Foi uma reação violenta, acho que o animal assustou e por isso houve este estrago. Eu consegui uma liberação para acompanhá-lo e agora ele está calmo, devido ao apoio dos colegas. Neste primeiro momento, estamos priorizando a cirurgia para que ele volte a ter sensibilidade e um possível movimento para comer e falar direito", afirmou na ocasião Elizandra.