Na juventude o indivíduo pensa que é invencível, imbatível e que pode fazer absolutamente tudo o que deseja. Incentivado pelos amigos então, vai ao extremo e é onde começam a aparecer as primeiras consequências dessa imaturidade e desrespeito aos limites do corpo.

Como somos frágeis

Todos pais deveriam levar seus filhos jovens e adolescentes aos hospitais para visitas voluntárias a pacientes de diversas áreas e em especial àquelas onde crianças e adultos lutam contra o câncer, doença que está sempre à espreita, vitimando pessoas próximas a cada um de nós, parentes ou não. A visita ao setor de traumatologia também seria fundamental, porque é ali que estão muitos cidadãos e cidadãs vítimas de acidentes e a maioria provocados por negligência própria, no trânsito principalmente.

A importância dessas visitas? Os objetivos e benefícios seriam diversos. Avalie. Mas gostaria de tratar de apenas um, o que comprova, quando vemos a vida de pessoas por um fio, de como somos frágeis.

Na juventude o indivíduo pensa que é invencível, imbatível e que pode fazer absolutamente tudo o que deseja. Incentivado pelos amigos então, vai ao extremo e é onde começam a aparecer as primeiras consequências dessa imaturidade e desrespeito aos limites do corpo. Normalmente o álcool e as drogas alicerçam os abusos cometidos e que cedo ou tarde trazem consequências diversas à vida desse indivíduo e de sua família, que sente e sofre na própria carne todo e qualquer dano a um de seus membros.

O que dizer então daquele jovem que, com ou sem carteira de habilitação, sai em disparada pelas ruas das cidades pilotando motos e automóveis, sem respeitar as leis de trânsito, os limites de velocidade e acabam se acidentando, ceifando vidas e danificando o próprio corpo, com sequelas carregadas por toda vida? Eles são tantos e estão em todos os lugares. Daí a importância das visitas hospitalares desde cedo.

Deus nos ensina que nossos corpos são como “templos sagrados” e que devemos sempre cuidar bem dele e nunca permitir que entre em nosso organismo nada que o prejudique, como álcool, fumo, drogas, ou qualquer coisa que crie dependência, vicie ou cause danos.

Além disso, das doenças provocadas pelo próprio homem, infelizmente temos também incontáveis outras que nos atingem, nos entristecem e que exigem que lutemos com todas as forças para vencê-las ou conviver com elas da melhor maneira possível, na maioria das vezes, por toda vida.

Na semana passada, para produzir uma matéria sobre a ameaça que as empresas de transporte coletivo de Campo Grande queriam imputar a pacientes renais crônicos, tirando-lhes a gratuidade do transporte – que só não aconteceu por intervenção da Câmara de Vereadores e da Prefeitura - pude sentir o drama dessas pessoas, crianças e adultos, que fazem hemodiálise (procedimento através do qual uma máquina limpa e filtra o sangue, ou seja, faz a parte do trabalho que o rim doente não pode fazer) três vezes por semana, durante quatro horas, em média, cada sessão. As crianças são obrigadas a fazer (sessões) 4 vezes por semana.

Sempre soube do grande sacrifício que essas pessoas fazem para sobreviver e é de conhecimento de todos inclusive as longas distâncias que muitos pacientes de cidades do interior têm que percorrer semanalmente para chegar a lugares mais próximos para serem atendidas com essas máquinas de importância vital para todos elas. Porém, confesso que somente naquele momento, pude sentir o gigantesco problema que enfrentam para sobreviver, já que se faltarem a duas ou três sessões, podem vir a óbito.

Toda enfermidade é a pior de todas para quem a sente. Para quem é obrigado a conviver com ela e se obrigar a mudar hábitos e prazeres em função dessa ou daquela deficiência física. Que o digam os diabéticos, que são obrigados a abrir mão de determinados alimentos e se submeter a rígidas dietas para preservar a saúde.

O que nos consola é que mesmo os problemas de saúde na família, fazem parte do plano de Deus para todos nós. Assim como depende Dele também toda cura ou convívio pacífico com a doença.

Numa clínica de hemodiálise conversei com pessoas que mesmo ali, na dependência de uma máquina que substitui seu rim, não perderam a alegria de viver e da esperança de alcançarem a cura, quer por intermédio de um transplante compatível ou de um medicamento que, quem sabe, a evolução da medicina encontre.

Conversei com uma jovem que contou que suportava a exaustão depois de uma sessão de hemodiálise e do sacrifício permanente de ir e vir três vezes por semana do interior à clínica em Campo Grande, porque tinha a esperança de um dia poder levar uma vida normal e que acreditava em Deus, que aliviou seu fardo tornando mais fácil seu dia a dia.

E foi ela quem me relembrou a Escritura Sagrada que se encontra em II Coríntios 12;9 onde o próprio Senhor responde a uma oração dizendo: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”. E no 12;10 ainda diz: “...Porque quando estou fraco então sou forte”.

Portanto, a hemodiálise, o câncer e tantas outras doenças e problemas são os fardos que todos nós, absolutamente todos nós, independentemente de condições financeiras, sociais, religiosas, geográficas... somos obrigados a carregar. Felizes aqueles que entendem esse plano e se alegram, mesmo na tristeza e perseveram no caminho, com a cabeça erguida, acreditando que tudo é passageiro neste curto espaço de tempo na Terra e que o melhor está por vir, a Vida Eterna.

Que todos possamos nos conscientizar e saber sobre os pesados fardos que nosso próximo carrega e que mesmo com os nossos próprios pesos, temos sim capacidade de ajuda-lo a suportar e compreender o plano para que possa suportar suas dores e deficiências com fé, valentia e alegria.

Wilson Aquino - Jornalista, Professor, Cristão SUD.