Nova contratada receberá R$ 6 milhões por serviço investigado pelo Gaeco

VÍDEO: Claro diz que contratou Pirâmide porque Itel
/ Foto: Foto: Cleber Gellio

O ex-diretor-presidente do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), Gerson Claro (PSB), que pediu exoneração após ser preso no âmbito da Operação Antivírus, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) na semana passada, revelou que uma empresa recentemente contratada por R$ 6 milhões pelo órgão já estava implicada em um esquema de ‘quarteirização’ com a Itel Informática.

A empresa em questão é a Master Case Digital Business, que foi contratada oficialmente pelo Detran-MS no último dia 29 de agosto, no mesmo dia da deflagração da Operação Antivírus, por R$ 6 milhões, para desempenhar o serviço que era executado pela Pirâmide Central Informática, um dos alvos do Gaeco nas investigações.

Claro revelou que a Master Case era ‘subcontratada’ (uma espécie de quarteirização) do consórcio Reg-Doc, formado pela Itel Informática, do empresário João Baird, e AAC Consultoria, da empresária Raquel Braga Robaldo, que executava o serviço de guarda de dados de veículos alienados até o mês de maio de 2016, e que recebia cerca de R$ 1,4 milhão por mês.

Em coletiva na qual pediu exoneração, Gerson explicou que por esse motivo a Master Case não poderia ter sido convidada a prestar o serviço após o rompimento do contrato com o consórcio, já que ela teria sido ‘a causa da rescisão’. À época, o governo alegou apenas que Itel e AAC haviam descumprido as regras do edital.

Após a rescisão com Itel e AAC, o governo contratou emergencialmente, e sem licitação, a Pirâmide Central Informática, empresa que confessou ao MPE-MS (Ministério Público Estadual) que não era ‘especializada’ no serviço e que revelou que os gastos mensais com o contrato eram de R$ 100 mil, já a previsão de recebimento superava R$ 1,2 milhão por mês.

Apesar de Gerson ter afirmado que o valor pago pelo serviço, atualmente, é o menor do país, a Master Case receberá cerca de R$ 500 mil por mês para executar o serviço de ‘implantação, manutenção e operacionalização de sistema computacional integrado ao sistema do DETRAN/MS, para guarda e recuperação de contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, arrendamento mercantil, reserva de domínio ou penhor, com serviços de conferência de contratos, provendo interoperabilidade e operação segura’, que sua antecessora, a Pirâmide Informática, disse que não custava R$ 100 mil, ou seja, o contrato com o governo estadual deve render por volta de R$ 400 mil mensais à empresa.

Durante as investigações, que levaram à prisão de Claro e outros servidores estaduais, o Gaeco concluiu que a alta lucratividade da Pirâmide era ‘voltada ao desvio de dinheiro público’, uma vez que o serviço seria ‘totalmente dispensável’ e poderia ter sido realizado por funcionários do próprio Detran, que precisavam revisar todo o trabalho desempenhado pela Pirâmide. Especialistas do órgão apontam que cerca de cinco servidores seriam capazes de realizar o ‘guarda de dados de veículos alienados’, a um custo bem menor que o cobrado pelas terceirizadas.

A reportagem do Jornal Midiamax procurou os responsáveis pela Master Case, que não retornaram o contato até o fechamento da matéria.